‘Queria resolver um problema e voltei com outro muito maior’, diz advogada que denuncia abuso sexual em hospital de Niterói


Uma advogada, de 44 anos, denunciou um médico da Unidade Municipal de Urgência Mário Monteiro, em Niterói, por abuso sexual. O caso teria acontecido na madrugada de sexta-feira, dia 23. O profissional foi detido pela polícia militar que o encaminhou para a delegacia da região.

De acordo com a paciente, ela começou a sentir coceiras na região das costas, da barriga e da virilha, na noite de quinta-feira, e tomou dois comprimidos de um antialérgico, além de sua medicação rotineira para depressão. O problema persistiu e, durante a madrugada, a advogada percebeu erupções na pele e decidiu ir até a unidade de saúde.

A advogada conta que ao chegar no consultório, relatou os sintomas ao médico, e ao levantar a blusa para mostrar as feridas ao profissional, ele subiu mais a mesma deixando os seios à mostra, e os elogiou. Em seguida, ele quis ver as erupções na virilha e nesse momento teria tocado em suas partes íntimas. Ele teria ainda retirado a máscara que usava alegando que estaria incomodando.

— Ele se aproveitou que havia uma queixa na minha virilha e pediu para ver as feridas e foi quando colocou seus dedos na minha vagina e se esfregou nas minhas nádegas com seu órgão sexual ereto. Me afastei e disse firme “menos” para ele, com a intenção de que ele não fizesse mais isso. Porém, ao examinar minhas costas, ele ficou massageando-a, fez massagem em meu ombro e, novamente, encostou seu órgão sexual ereto nas minhas nádegas — relembra a advogada, ressaltando que estava de moletom e casaco no momento da consulta. — Estava sem sutiã porque saí para uma emergência, mas não estava com nenhuma roupa provocativa.

Apesar de nervosa, ela conta que disse a ele que sabia o que tinha acontecido. O médico, então, apenas respondeu que todo o procedimento teria sido apenas parte do exame clínico.

— Fiquei perplexa com a frieza dele, como se tivesse acontecido algo normal. Ele sentou e chegou a ajeitar o órgão sexual dele para que não aparecesse. Podem questionar o porquê de eu não ter saído no primeiro momento do consultório, mas eu não esperava por isso. Vejo na TV, sei que isso acontece a todo momento, mas nunca imaginei que isso pudesse acontecer comigo. Fui para resolver um problema – achei que poderia ser sarna por eu dormir com meu cachorro e minha gata – e voltei com outro muito maior. Desde então não consigo comer e nem fazer nada direito. A todo momento me lembro da cena. O que eu queria era dormir e acordar desse pesadelo, mas não foi um sonho ruim, infelizmente aconteceu e eu sei bem o que aconteceu. Já tive depressão forte e agora tenho medo que ela volte — revela a advogada.

Fachada da Unidade Municipal de Urgência Mário Monteiro, em Niterói, onde o caso aconteceu
Fachada da Unidade Municipal de Urgência Mário Monteiro, em Niterói, onde o caso aconteceu Foto: Luiza Moraes / Agência O Globo

A advogada contou que após sair do consultório, relatou todo o ocorrido para um enfermeira de plantão e que a mesma não se mostrou surpresa com o abuso.

— Quando comecei a contar e a descrever o médico, ela disse que já sabia quem era. Foi muito difícil contar para ela e depois ainda para o meu filho, que foi quem me levou para o hospital. Ele se sente culpado por não ter entrado na consulta comigo — lamenta.

Após ter sido orientada pela irmã, também advogada, a paciente chamou a polícia, que prendeu o médico em flagrante e o levou para a 76ª DP (Centro). O caso foi encaminhado para a 81ª DP (Itaipu).

A direção da Unidade de Urgência Mário Monteiro (UMAM) informou que repudia todo tipo de violência e preza por um atendimento humanizado, e que a equipe da unidade está colaborando com as investigações policiais.

A direção disse ainda que aquele foi o último plantão do profissional, que já havia solicitado desligamento do quadro.



Fonte: Fonte: Jornal Extra