‘Que você se mantenha de pé’, escreve Gloria Perez a mãe de filha morta supostamente por envenenamento

A escritora Gloria Perez usou as redes sociais para prestar solidariedade a Jane Cabral, mãe de dois jovens que podem ter sido envenenados pela madrasta Cíntia Mariano Dias Cabral. Gloria comentou em um vídeo que Jane cobra rapidez e celeridade nas investigações sobre a morte de Fernanda Cabral, 22 anos, e da possível tentativa de homicídio contra Bruno Cabral, 16 anos.

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“Jane, que você se mantenha de pé. Vais encontrar forças que nem sabias que tinhas, para enfrentar a luta que vem pela frente: a de buscar justiça para os teus filhos, e hás de conseguir. Tem certeza que o coração de todas as mães estão contigo, você fala de um momento que vivemos aqui em casa: o casal de psicopatas que assassinou minha filha (Guilherme de Padua e Paula Tjomaz, hoje Paula Peixoto, também foi a delegacia, no dia do crime, no carro em que cometeram o crime, prestar solidariedade a nossa familia!” escreveu Gloria Perez.

A escritora é mãe de Daniella Perez, morta em 1992 pelo ator Guilherme Padua, que contracenava com Daniella na novela “De Corpo e alma”. Em busca de mais espaço, Guilherme de Pádua assediava Daniella Perez, filha da autora da trama e com quem tinha um par romântico, para que ela pedisse a mãe para aumentar sua participação. Ao lado da esposa, o então ator fez uma emboscada para a colega, de 22 anos, e a assassinou a facadas, em 1992. Eles foram condenados a 19 anos e 6 meses de prisão. Guilherme e Paula foram soltos após seis anos, depois de ter cumprido um terço da pena.

Cíntia Mariano Dias Cabral teve a prisão decretada
Cíntia Mariano Dias Cabral teve a prisão decretada Foto: Divulgação

Polícia encontra indícios de chumbinho

O laudo do Instituto Médico-Legal (IML) com a análise do material gástrico do estudante Bruno Carvalho Cabral, de 16 anos, comprovou haver “quatro grânulos esféricos diminutos, de tamanhos variados, de coloração variando entre azul escuro e preto”, o que “pode sugerir a ingestão de um produto comercializado clandestinamente como raticida, popularmente conhecido como chumbinho”. O documento foi obtido com exclusividade pelo GLOBO. A madrasta do jovem, Cíntia Mariano Dias Cabral, está presa temporariamente por tentativa de homicídio contra o rapaz, por suspeita de ter envenenado seu feijão com a substância tóxica e o servido durante um almoço, no último dia 15, na casa em que a família morava, em Realengo, na Zona Oeste do Rio

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De acordo com o laudo de exame de pesquisa indeterminada de substância tóxica em amostra biológica, no entanto, utilizando-se a técnica disponível no Serviço de Toxicologia do IML, não foi possível detectar a presença de inseticidas ou outras substâncias tóxicas no material analisado. “Mesmo com a presença de grânulos, um resultado negativo é possível devido a fatores como: tempo decorrido entre a ingestão do produto e a coleta do material para exame, dose utilizada e intervenções hospitalares realizadas, como a gástrica”, atesta o documento, assinado pela perita Aline Machado Pereira.

As pedrinhas que foram encontradas no estômago de Bruno Carvalho Cabral e que a perícia sugere ser chumbinho
As pedrinhas que foram encontradas no estômago de Bruno Carvalho Cabral e que a perícia sugere ser chumbinho Foto: Reprodução

Assessora técnica da Secretaria de Polícia Civil, a perita Denise Rivera explica que, apesar de terem sido realizados todos os testes possíveis, não se chegou a detecção do chumbinho pelo fato de a substância se deteriorar rapidamente no organismo. Ela explica que os grânulos encontrados no estômago de Bruno, no entanto, são suficientes para atestar se tratarem desse tipo de envenenamento, tanto pelas características, como também pela análise dos sintomas descritos no prontuário médico do rapaz.

— O laudo do IML mostrou a presença de grânulos sugestivos de chumbinho e o prontuário médico do enteado atestou o relato diversos sintomas típicos de intoxicação exógena dessa substância. Então, até o momento, além das provas técnicas reunidas, temos no inquérito depoimentos prestados por testemunhas no sentido de indicar a responsabilidade da madrasta na tentativa de homicídio por envenenamento — afirmou o delegado Flávio Rodrigues, titular da 33ª DP (Realengo) e responsável pelas investigações.

O laudo feito por profissionais do Instituto Médico-Legal (IML)
O laudo feito por profissionais do Instituto Médico-Legal (IML) Foto: Reprodução

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Bruno teria começado a passar mal minutos após ter saído da casa onde Cíntia morava com seu pai, Adeilson Cabral, no último dia 15. Na residência, durante o almoço, foram servidos feijão, arroz, bife e batata frita, e estavam presentes no local, além do casal, e dos dois estudantes, uma filha de outro casamento dele e dois filhos e uma neta dela. De acordo com os depoimentos, o rapaz reclamou que o feijão estava com gosto amargo e o colocou no canto do prato. A madrasta então levou o prato de volta para a cozinha e colocou mais comida.

Após a refeição, o estudante foi deixado na casa da mãe, Jane Carvalho Cabral, que ligou então para o ex-marido contando dos sintomas apresentados pelo filho. Levado ao Albert Schweitzer, o jovem foi submetido a uma lavagem gástrica e teve a intoxicação exógena diagnosticada pela equipe médica.


À mãe, o estudante relatou ter passado mal justamente após ingerir “umas pedrinhas azuis que estavam no feijão” e contou que, ao servir seu prato, a madrasta teria apagado a luz da cozinha “como se estivesse escondendo algo”. Aos policiais, Cíntia disse que as tais “pedrinhas” eram um tempero de bacon que não havia dissolvido na comida.

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Presa temporariamente por tentativa de homicídio contra Bruno, Cíntia nega, por meio de seus advogados, que tenha cometido o crime. De acordo com as investigações, os envenenamentos teriam acontecido por ciúmes que a madrasta nútria da relação do companheiro com seus filhos biológicos.

A madrasta também é suspeita envenenar outra enteada, Fernanda Carvalho Cabral, de 22 anos, em circunstâncias semelhantes, em março; e é investigada ainda pela morte do ex-namorado, o dentista Pedro José Bello Gomes, em 2018; e de um vizinho, o representante farmacêutico Francisco das Chagas Fontenele, em 2020.

Fonte: Fonte: Jornal Extra