Idosa arrastada por três quarteirões tem alta e deixa hospital; novo vídeo mostra crueldade


A idosa Eci Coutinho, de 72 anos, teve alta nesta manhã e deixou o hospital nesta sexta-feira. Filhos da aposentada foram ao Hospital Getúlio Vargas, na Penha, buscar a mãe, que passou por cirurgia, para levá-la para casa.Eci foi arrastada por criminosos por 400 metros na Pavuna, Zona Norte do Rio, no último sábado.

— A sensação é de que Deus me ajudou. Deus que metitou dessa situação — disse a mulher ao deixar o hospital, ainda reclamando de dores.

— A sensação é de que Deus me ajudou. Deus que metitou dessa situação — disse a mulher ao deixar o hospital, ainda reclamando de dores.
Enquanto isso, um novo vídeo gravado por câmeras de segurança mostra, por outro ângulo, a idosa sendo puxada pelo carro conduzido pelos criminosos. Nas imagens, gravadas de um outro ponto da Pavuna, mostra o Tracker vermelho passando em alta velocidade, com Eci sendo puxada. As imagens mostra a reação de espanto de pessoas que estavam na calçada.

O advogado Brener Coutinho, 45, filho de Eci, destacou que esse dia será de renascimento da mãe e que a Páscoa será em família, “após essa tragédia”.
— Ela recebeu alta de manhã, conversei com o coordenador do hospital, ele passou informações sobre como deve ser com ela. Estamos muito felizes porque em tempo recorde tudo foi solucionado. É um alívio e estamos em paz.
— Vamos passar a Páscoa em família. A nossa mãe ficará com os netos e sobrinhos. Total alívio e gratidão a Deus por tudo isso. Mais cedo ela disse: “Meu filho, trás a minha roupa para sair”. Durante todo tempo ela estava ansiosa para sair. Essa alta é um milagre. Ela ganhou uma nova data de aniversário. É clichê, mas ela nasceu de novo. Ela está com ferimentos, mas inteira.

O corretor de imóveis Alex Coutinho, de 48 anos, outro filho, comemorou a alta da mãe e disse que ela é forte e não se prende à dificuldade. Para a família, o desafio agora será vencer o trauma e lutar pela recuperação rápida da aposentada.

— Minha mãe é uma mulher muito forte e não se entrega. Questionaram se a minha mãe vai se recuperar, mas a gente só vai saber disso daqui a pouco. Ela não se prende a dificuldade. Ela diz: “bola pra frente”. É isso vou colocar em prática daqui pra frente. A minha família precisa vencer o trauma. O médico me chamou e disse que q minha mãe é muito forte. Antes de operar ela dizia que iria dar tudo certo e que tudo correria bem.

Numa data dessa como hoje, simbólica, podemos levá-la para casa. Agora é olhar para sempre, pois isso tudo tem que ficar para trás.

— Eu arrumei uma casa para ela morar comigo para cuidar dela durabte todo o tempo. A minha filha é grudada com ela. Essa é uma sensação de alívio muito grande, mesmo ela sofrendo um pouco. Gera muita dor, porque ela está com feridas, mas não há risco de vida. Isso vai passar. Outro alívio que tive foi a prisão do outro bandido. Sensação que a justiça foi feita— disse.

Nervoso, Alex chegou a esquecer a roupa da mãe no carro de aplicativo. Em um determinado momento, o corretor de imóveis chegou a cogitar a possibilidade de comprar novas vestimentas. Mas, o motorista que fez a viagem voltou e ambos se abraçaram.

— Eu estava nervoso e acabei esquecendo. Mas, ele veio aqui e me devolveu. Graças a Deus estou aliviado.

Dois presos

Julio Cezar (de vermelho) foi o primeiro a ser preso
Julio Cezar (de vermelho) foi o primeiro a ser preso Foto: Guito Moreto / Agência O Globo

Policiais da 39ª DP (Pavuna) prenderam, na noite desta quinta-feira, dia 14, Alex Sandro Francisco da Silva Júnior, o segundo suspeito pela tentativa de latrocínio contra a aposentada. O acusado foi localizado na Pavuna. Segundo a polícia, ele estava pilotando a moto em que Júlio Cézar Ramos Bernardo, preso na véspera, estava na garupa. Ainda de acordo com a polícia, Alex tem perfil violento e já foi sentenciado a três anos de internação pela morte de um médico em Irajá quando era adolescente.

De acordo com as investigações, Júlio Cézar e Alex Sandro teriam abordado a família da idosa na Pavuna, bairro próximo à comunidade onde o primeiro suspeito foi preso, na noite do último sábado. Eci acabou ficando presa pelo cinto de segurança e foi arrastada por cerca de 400 metros, percorrendo três quarteirões. Ouvido informalmente pelos agentes, Júlio Cézar confessou participação no crime.

Após o crime, Júlio Cézar chegou a tirar fotos ao lado da namorada com o celular de uma das vítimas do roubo. As imagens, obtidas pela polícia, ajudaram na identificação do criminoso.

A prisão de Júlio Cézar havia sido decretarda pela Justiça na quarta-feira, dois dias após ser solicitada pela 39ª DP. Eci estava internada no Hospital estadual Getúlio Vargas, na Penha, também na Zona Norte, e passou por uma cirurgia para colocação de prótese no ombro nesta quarta.

A idosa foi arrastada por cerca de 400 metros. Ela só conseguiu se desvencilhar quando o cinto do carro arrebentou. Os cinco ocupantes do veículo, que retornavam de um aniversário na Região dos Lagos, foram surpreendidos por dois homens em uma moto que anunciaram o assalto quando estavam parados em um sinal de trânsito, na altura do Fórum da Pavuna por volta das 20h30 do último sábado.

Um vídeo que mostra parte do trajeto percorrido pelo carro com a idosa dependurada, que chocou as redes sociais, foi anexado à investigação. Ela foi levada por três quarteirões: seguiram pela Avenida Sargento de Milícias, Rua Sargento Benedito Silva e, ao passar na esquina com a Rua Catão, o cinto arrebentou e a idosa ficou no chão.



Fonte: Fonte: Jornal Extra