Famílias apontam PMs como autores de três mortes ocorridas no Rio num intervalo de 48 horas; saiba quem são

No último fim de semana o Rio registrou três mortes durante operações da Polícia Militar em comunidades nas zonas Norte e Oeste da capital em que parentes das vítimas apontam agentes como autores dos disparos. São relatos muito semelhantes que citam agentes despreparados. Em dois deles, a PM afirma que os confrontos começaram após ataques de bandidos. Os casos são alvos de investigação da Polícia Civil. Saiba quem são as pessoas baleadas nas situações apontadas como suspeitas.

Uesclei da Silva Estácio, de 29 anos

Uesclei foi atingido por uma bala perdida e não resistiu aos ferimentos
Uesclei foi atingido por uma bala perdida e não resistiu aos ferimentos Foto: Reprodução

Montador de caixas, ele foi atingido por um disparo na cabeça quando voltava para casa, na Favela do Tirol, em Jacarepaguá, na Zona Oeste, na madrugada de domingo. A família afirma que a bala que atingiu o rapaz partiu de policiais militares que trocavam tiros com bandidos. O caso foi registrado na 41ª DP (Tanque) mas as investigações passarão para a Delegacia de Homicídios.

— Ele havia saído da casa da minha irmã e voltava para casa dele quando tudo aconteceu. Ele se escondeu atrás do carro quando o tiroteio começou. Foi atingido por uma bala que veio de baixo para cima, ou seja, do local onde os PMs estavam atirando — disse Amanda da Silva, de 21 anos, irmã do montador.

Uesclei foi descrito por amigos e parentes como uma pessoa alegre que adorava sorrir e brincar. O o montador de caixas era funcionário de uma empresa de embalagens e trabalhava no local havia quatro anos.

Em nota, a PM informou que o confronto começou com um ataque a tiros contra equipes do 18ºBPM (Jacarepaguá) e que “foi necessário solicitar apoio para estabilizar a região”. De acordo com a corporação, “posteriormente, os policiais foram informados de que um homem teria dado entrada no Hospital municipal Lourenço Jorge, com ferimentos provocados por disparo de arma de fogo. Segundo informações preliminares, a vítima estaria saindo da casa de sua irmã na referida comunidade quando foi atingida por um tiro”.

Alex Souza Araújo dos Santos, de 19 anos

Alex Souza Araújo dos Santos tinha 19 anos
Alex Souza Araújo dos Santos tinha 19 anos Foto: Arquivo pessoal

Parentes afirmam que policiais militares fizeram o disparo contra o estudante, que estava a caminho da casa do avô, a uma distância de cerca de dez metros, no sábado, na Favela Kelson’s, na Zona Norte. Alex foi atingido nas costas. O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que recolheu as armas dos agentes que estavam na comunidade, e pela Corregedoria da Polícia Militar, que analisa imagens de câmeras operacionais portáteis usadas pelos PMs.

— Os policiais são despreparados. Na verdade, é um grupo de extermínio — disse o pai do jovem, Robson de Araújo.

Alex fez carreira nas categorias sub-17 de clubes como Macaé, Audax e Duque de Caxias. Quem o levou para o esporte foi André Werneck, que mantêm um projeto social para crianças e adolescentes na Kelson’s e o treinou em alguns desses clubes. Atualmente era meio de campo do Galáticos Futebol Clube, o time da comunidade.

O jovem cursava o 3º ano do Ensino Médio e iria começar a trabalhar como auxiliar de pedreiro com um tio.

Segundo a Polícia Militar, o confronto na Kelson’s começou após agentes serem atacados por criminosos A corporação afirma que com Alex foram apreendidos uma pistola falsa, dois radiocomunicadores e drogas. Robson nega que o filho tivesse qualquer envolvimento com o crime. De acordo com a família, o jovem jogava futebol em categoria de base e sonhava ter carreira militar.

Juan Gonçalves Freitas, 18 anos

Juan Gonçalves Freitas, de 18 anos, foi baleado durante operação do Bope no Complexo da Covanca
Juan Gonçalves Freitas, de 18 anos, foi baleado durante operação do Bope no Complexo da Covanca Foto: TV Globo / Reprodução

A viúva de Juan afirmou que ele estava saindo para trabalhar, no último domingo, quando foi baleado por policiais que, segundo ela, estavam à paisana. O caso ocorreu na comunidade Caicó, no Complexo da Covanca, na Zona Oeste.

— O Bope subiu disfarçado, à paisana, e matou o meu marido que estava descendo para trabalhar e não tinha nada a ver com essas coisas — disse Yasmin Ribeiro ao site g1.

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A PM informou, em nota, que uma equipe do Batalhão de Operações Especiais (Bope) “estava atuando” na Covanca “quando se deparou com suspeitos”. “Segundo o BOPE, os indivíduos resistiram à abordagem e houve confronto, tendo eles fugido em seguida. Uma pistola, munições e uma granada foram apreendidas após varredura. Posteriormente, dois indivíduos feridos deram entrada em unidades de saúde da região (UPA da Taquara e Hospital municipal Lourenço Jorge). As ocorrências foram encaminhadas para a 32ª DP, 41ª DP e Delegacia de Homicídios da Capital”. A corporação destacou que “colabora integralmente com as investigações da Polícia Civil e, paralelamente, instaurou um procedimento para apurar as circunstâncias do fato”.

Fonte: Fonte: Jornal Extra