‘É desesperador’, diz mãe de líder comunitário há quatro meses sem notícias do filho levado de casa por homens armados

O dia 28 de abril de 2022, uma quinta-feira, está marcado na memória da dona de casa Angélica Maria de Souza, de 53 anos, como um dos piores já vividos por ela. Nessa data, seu filho, o líder comunitário da Vila Kennedy, Andrey de Souza Araújo, de 29 anos, foi arrancado da cama onde dormia ao lado da esposa e levado por homens armados. Desde então iniciou-se uma busca incansável atrás de noticias sobre o seu paradeiro.

— É horrível. Desde então, não durmo nem como direito. Há horas que tenho a impressão de escutar a voz dele. A polícia diz que a investigação está sob sigilo, na comunidade ninguém sabe de nada. É desesperador — desabafou.

A mãe contou que desde que seu filho foi levado de casa já procurou por ele em todos os lugares possíveis, de hospício ao Instituto Médico Legal (IM). Buscando contribuir com as investigações sobre o paradeiro do rapaz já doou até material genético para o banco de dados da Polícia Civil.

— Não sei mais o que fazer, mas não vou desistir — disse.

Cartaz pede ajuda para localizar o líder comunitário
Cartaz pede ajuda para localizar o líder comunitário Foto: Reprodução

Ela contou ainda que a nora está grávida de quatro meses, o mesmo tempo que o marido tem de desaparecido, não tendo tido sequer tempo de contar a ele sobre a chegada do novo herdeiro. Os dois já têm um menino e uma menina de relacionamentos anteriores. O bebê será o primeiro filho do casal.

O caso foi registrado inicialmente na 34ª DP (Bangu) e, posteriormente transferido para a Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA). Uma das primeiras linhas de investigação era a possibilidade de o desaparecimento do líder comunitário estar relacionado ao assassinato de um homem conhecido como Leonardo Shrek, executado a tiros, pouco mais de um mês antes, dentro da mesma comunidade.

Segundo investigações da 34ªDP (Bangu), Andrey e Shrek tinham ligações com a Associação de Moradores da Vila Kennedy. Além disto, os dois eram compadres e chegaram a ser sócios de um comércio.

Muito atuante nas redes sociais, Andrey também ocupava o cargo comissionado de agente administrativo na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e costumava receber políticos que visitavam ou traziam obras para a Vila Kennedy. Andrey não é lotado em nenhum gabinete parlamentar e estava nomeado em um setor administrativo da Alerj, desde fevereiro último.

Na noite do dia 28 de abril, homens armados em um carro não identificado invadiram a casa de Andrey, numa rua que dá acesso à Vila Kennedy. Eles disseram ser policiais e afirmaram que estavam ali para cumprir um suposto mandado de prisão. Andrey Araújo foi colocado no interior do veículo que deixou local em seguida. Desde então não foi mais visto.

Fonte: Fonte: Jornal Extra