É de Arraial do Cabo a receita campeã de concurso internacional de culinária

Peixe Seco com Banana. Essa foi a receita vencedora do concurso “Saberes e Sabores”, que aconteceu no ano passado durante a Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP). E a receita é de Arraial do Cabo. O concurso faz parte da campanha #mulheresrurais, “Mulheres com Direitos”, e contou com a participação de mulheres de nove países da América Latina e do Caribe. Plantão dos Lagos: informação é a nossa praia. O concurso premia as melhores receitas e os melhores empreendimentos, que usam técnicas sustentáveis em sua composição, ou seja, com o menor dano possível a ser provocado ao meio ambiente.

Esse é o caso da receita de peixe da dona Zenilda Maria da Silva, que venceu na categoria “Saberes Gastronômicos”. O site da organização do evento contou a história da receita. O peixe é pescado de maneira artesanal. O arrasto na praia é feito por canoas a remo e as redes de pesca foram tecidas pelos próprios pescadores. Atualmente são feitos de nylon e bóias de cortiça industrializadas, mas antes dos anos 50, aproximadamente, eram feitos com fios de algodão ou cipó-imbé (Philodendron bipinnatifidum), tingidos com murici (Byrsonima crassifolia) ou aroeira (Schinus terebinthifolius) e com bóias araticum (Annona coriácea). Todas essas plantas foram extraídas da vegetação local.

Apesar das inovações tecnológicas dos elementos de pesca, a prática preserva elementos originais como a propulsão de remo de canoas e os sinais emitidos pela vigia de pesca, que está posicionada no topo de uma colina, e orienta outros pescadores das canoas. Plantão dos Lagos: informação é a nossa praia. Estes sinais são feitos com a ajuda de um pano branco e indicam o tipo de peixe e os movimentos a serem feitos, como quando jogar a rede no mar e puxá-la. Todo esse processo cria uma relação direta entre o homem e o meio ambiente, respeitando o ciclo natural e promovendo a gestão sustentável dos recursos.

A salga aumenta a vida de prateleira do peixe e, com o uso de sal natural da região, um preparo feito com produtos frescos e sem conservantes químicos é alcançado. Os outros ingredientes, muitas vezes, vêm de culturas de subsistência. As relações econômicas e sociais que afetam a pesca: a limpeza, a salga de peixes, o comércio e a preparação, baseiam-se na integração da unidade familiar, com a divisão do trabalho entre todos os membros e no aumento da renda. A combinação de peixes, ricos em ômega 3, com outros ingredientes de produções familiares, pode ser a razão da longevidade e lucidez de muitos membros da comunidade, ao longo de 80 anos.

“Este concurso foi para mostrar como as mulheres estão envolvidas não só na produção de alimentos no mundo mas também de recuperação das sementes e do meio ambiente. A mulher produz de 60% a 80% do que a gente come no mundo inteiro. É um trabalho invisível”, afirma Geise Mascarenhas, coordenadora do projeto e do concurso. A premiação ocorrerá em abril no Congresso de Feminismo e Agroecologia, em Recife. 

Foto da receita campeã de 2018 do “Saberes e Sabores” que aconteceu em Paraty, durante a FLIP

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