Base do governo na CPMI do 8/1 evita convocar Alto Comando do Exército


A Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga atos golpistas
– Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga atos golpistas

Até o momento, a ala governista da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos de 8 de Janeiro evitou convocar os generais do Alto Comando do Exército durante a crise golpista e a invasão aos Três Poderes para prestarem depoimento. A Agência Pública apurou que o único pedido de convocação do Alto Comando à época dos fatos veio da base bolsonarista, pelo deputado federal Filipe Barros (PL-PR) – mas que tem se declarado como “independente” na CPMI. O pedido de Barros acabou invalidado pela presidência da comissão porque convocava toda a cúpula militar, enquanto as normas da CPMI definem que, “como regra, não serão aceitos requerimentos com múltiplos convocados”.

A possível convocação de ex-membros do Alto Comando voltou à pauta após o depoimento do hacker Walter Delgatti Neto à comissão na última quinta (17). O hacker jogou dois ex-comandantes do Exército no coração da trama golpista: o ex-ministro da Defesa general Paulo Sérgio Nogueira e o então comandante militar durante a crise, general Marco Antônio Freire Gomes. Ambos teriam lidado com Delgatti sobre tentativas de desacreditar as urnas eletrônicas. Freire Gomes também foi associado a supostos planos golpistas encontrados no celular do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid.

Após o depoimento do hacker, a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), pediu a quebra do “sigilo telefônico e telemático de Marco Antônio Freire Gomes no período de 2022 até o presente”, sem convocá-lo. A Pública perguntou ao gabinete da senadora se ela pretende convocar generais do Alto Comando para depor, mas sua equipe restringiu-se a divulgar requerimentos de informações e convocações de outros militares. Mais uma vez, coube a um membro de fora da base governista o pedido de depoimento – no caso do general Freire Gomes, feito pela senadora Soraya Thronicke (União-MS). Ambos os requerimentos ainda não foram analisados pelos membros da CPMI.

Em tempo: no mesmo dia do depoimento de Delgatti, o presidente da CPMI, deputado Arthur Maia (União-BA), foi convidado para tomar um café da manhã com a atual cúpula militar na próxima quarta (23), no Quartel-General do Exército em Brasília. Revelado pelo SBT News e confirmado pela Pública, o convite teria sido feito por assessores militares designados para fazer a interlocução com o Congresso.



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