Segurança quer botar ‘água no chope’ e prender aniversariante ‘Rabicó’ em SG

As autoridades da área de inteligência da Segurança Pública no Estado do Rio monitoram a movimentação que vem ocorrendo nos últimos dias, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, em preparação para festa de aniversário de Antônio Ilário Ferreira, o Rabicó, apontado pela polícia como um dos maiores ‘chefões’ da venda de drogas da cidade e também membro do grupo de acusados mais procurados do Estado do Rio. As ‘festividades no Salgueiro se iniciam a partir do próximo dia 15, data de celebração dos 58 anos do Coroa, e se estenderiam pelos dias subsequentes, até domingo (19) por conta do feriado de Corpus Christi. 

A exemplo dos anos anteriores, a ‘festança’ de Rabicó seria organizada no melhor estilo ‘pagofunk’, com apresentações de artistas de samba e do tradicional ‘batidão’, em uma área com mini-parque de diversões para o lazer dos convidados e barracas com comida e bebidas para os ‘convidados’. Um balão com cerca de 50 metros, altura equivalente a um prédio de seis andares, estaria sendo confeccionado para ser lançado no Complexo do Salgueiro, com a imagem de uma coroa, objeto que tem nome igual a um dos apelidos mais tradicionais de Rabicó’. 

o balão, além da coroa, teria também no letreiro os dizeres ‘G-8’, que simbolizam o ‘grupo’ ou número de comunidades comandadas pela quadrilha de Rabicó no Complexo do Salgueiro. Além dessa região, o Jardim Catarina e a Trindade, em áreas vizinhas, também estariam entre os outros redutos de Rabicó. Após ficar nove anos preso, Antônio Ilário ganhou, no fim de 2019, da justiça, a partir de ações de seus advogados de defesa, o direito de responder em liberdade próvisória aos processos em que é acusado por crimes relativos ao tráfico de drogas.

Na decisão, concedida pelo SupremoTribunal Federal (STF), em Brasília, Rabicó teria que se apresentar, posteriormente e com regularidade, ao sistema penitenciário e fornecer endereço fixo domiciliar. Como ele nunca mais apareceu  e não foi encontrado, teve mandado de prisão expedido e desde 2020, é foragido da Justiça.

Atualmente, tem três mandados de prisão em aberto e seu nome também consta em inquéritos em tramitação em delegacias de SG sobre outros crimes, como roubos de cargas em trechos da Rodovia BR-101, na região de São Gonçalo. Ele seria também um dos articuladores de sua facção, o Comando Vermelho (CV), no plano para monopolizar o controle do tráfico em cidades do interior situadas na Região Metropolitana do Estado, como Itaboraí, Tangúa, Rio Bonito, além de outros municípios da Região Serrana Fluminense. 

Oriundo do Complexo da Mineira, na região do Estácio, no Rio, Antônio Ilário está radicado no Salgueiro desde meados da décda de 90 e não compõe o seleto grupo de ‘conselheiros’ do CV por acaso. De forma diferente de outros traficantes, Antônio Ilário, segundo a polícia, tem uma visão mais ’empresarial’ da atividade, tendo capacidade de criar formas de converter o dinheiro do crime em negócios lícitos, como comércios, compra de imóveis e até investimentos no mercado digital. 

No fim de março desse ano, A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) deflagraram a Operação ‘Mercador de Ilusões’,  contra a lavagem de dinheiro do CV, considerada pela polícia como a maior facção criminosa do estado. A ação teve como objetivo o cumprimento de 40 mandados de busca e apreensão e oito de prisão, sendo que seis no Brasil e dois na Argentina. As investigações apontaram que o esquema do tráfico de drogas movimentou R$ 3 bilhões entre 2019 e 2021. Ao todo, duas pessoas foram presas em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, e uma em Brasília.

Lavagem – As investigações tiveram origem em dois depósitos bancários, em dinheiro, com notas de valores diferenciados e baixos, feitos em favor de duas empresas em outubro de 2019, de R$ 30 mil e R$ 23.700. Segundo a polícia, eram provenientes do tráfico de drogas da Comunidade do Brejal, situada no Complexo do Salgueiro. As investigações apontam que o núcleo de lavagem de dinheiro acontecia nessa mesma comunidade. 

Segundo as investigações da força tarefa, o esquema era utilizado por Rabicó, para ocultar o dinheiro arrecadado com a venda de drogas e para comprar armas e entorpecentes. Desde que ganhou a liberdade, o nome de dele vem sendo associado a supostos problemas no alto escalão na hierarquia do CV, mas segundo investigações da polícia, as especulações não enfraqueceram a condição de ‘conselhero’ da facção pelo fato de ele ser um dos maiores contribuidores da ‘caixinha’  mantida entre os ‘chefões’ para a manutenção das atividades criminosas.

Fonte: O São Gonçalo