Cavalo-Marinho da Patagônia é encontrado por pescadores na Baia da Guanabara(RJ)

Uma espécie rara de cavalo-marinho foi encontrada por pescadores na Baia da Guanabara, no Rio de Janeiro, no início de setembro. O animal foi entregue ao Projeto Cavalos-Marinhos que faz o monitoramentos das populações naturais de cavalos-marinhos em diversas áreas do litoral do Estado do Rio de Janeiro, na Baia da Guanabara, na Baía da Ilha Grande, Baía de Sepetiba, Lagoa de Araruama, Arraial do Cabo e Búzios.

O animal que hava sido capturado acidentalmente pelos pescadores não estava bem e foi levado para o laboratório do projeto Cavalos-marinhos do Rio de Janeiro, na Universidade Santa Úrsula. Lá, os pesquisadores identificaram que se tratava de um macho grávido, proveniente da Patagônia, na Argentina, e raramente encontrada no litoral do Rio de Janeiro.

Segundo a coordenadora do Projeto Cavalos-Marinhos, Natalie Freret, essa espécie raramente é encontrada no litoral brasileiro. Natalie explicou em entrevista à TV Globo, que o animal, “é muito especial porque vem migrando da Argentina até a nossa costa durante o inverno para fugir das águas geladas”.

Natalie informou ainda que foi feito um trabalho de reabilitação do cavalo-marinho durante uma semana e ele se recuperou bem. O cavalo-marinho foi devolvido ao mar na Baía da Guanabara na última segunda-feira, dia 2.

Projeto Cavalos-Marinhos

O Projeto Cavalos-Marinhos que há 21 anos pesquisas esses peixes em praias, baias e ilhas do Rio de Janeiro avalia a possibilidade de estender seus estudos sobre esses animais em praias e ilhas do Litoral Norte Paulista. Atualmente, o projeto monitora e pesquisa cavalos- marinhos em Ilha Grande, em Angra dos Reis, na Baía de Sepetiba, na Baía de Guanabara, na Laguna de Araruama, em Arraial do Cabo e em Búzios.

O projeto nasceu, nas dependências da Universidade Santa Úrsula, ainda em 2002, por iniciativa da então aluna de Ciências Biológicas, Natalie Freret-Meurer, que hoje preside e coordena o projeto que tem parcerias com a Petrobras, CMA CGM, Mercosul Line, Iate Clube do Rio de Janeiro e Dive Point.

“O monitoramento é feito mensalmente na praia de Araçatiba, Lagoa Verde, Lagoa Azul e Abraãozinho. Em todos os locais há um estabilização da população, ou seja, temos populações pequenas, ainda ameaçadas de extinção, porém estáveis”, explicou Natalie.

No monitoramento, os pesquisadores e estagiários analisam a quantidade; a proporção de machos para fêmeas, e de adultos para jovens; o estágio reprodutivo e o tipo de comportamento que eles apresentam. Esse conjunto de fatores mostra como está a saúde dessa população. Também é feita uma marcação visual de cada um, por meio de fotografias do topo da cabeça dos animais, onde fica uma estrutura óssea chamada de coroa. Elas são como a nossa impressão digital, ou seja, são únicas.

Segundo Natalie, na Ilha Grande, pode se avistar cavalos-marinhos o ano todo, sem uma sazonalidade ainda muito clara. No Brasil, existem grandes adensamento nos manguezais nordestinos, na Baía de Sepetiba e na Laguna de Araruama.

Existem no mundo 48 espécies de cavalos marinhos, mas apenas três espécies são encontradas no Brasil:  o Hippocampus reidi, o cavalo marinho do focinho longo; Hippocampus erectus, o cavalo marinho raiado; e Hippocampus patagonicus, o cavalo marinho de focinho curto.

O Projeto Cavalos-Marinhos promove ações ambientais para educar a população para que ela não capture os peixes para criá-los em cativeiro. A espécie vive ameaçada de extinção.

“É importante que as pessoas não toquem nos animais, façam os avisamentos, porém mantendo distância mínima de 50 cm, não comprem cavalos-marinhos para colocar em aquário (o comércio no Brasil é ilegal e proibido), não comprem produtos feitos com esqueleto de cavalos-marinhos, pois o zooartesanato é uma das principais causas da redução populacional”, recomenda a bióloga.

Até 2014, os cavalos marinhos não eram protegidos nas praias brasileiras, segundo Natalie, nesse período, a poluição atrelada ao aquarismo quase coloca os coloridos e delicados peixinhos em risco de extinção.