Quanto separar de dinheiro por mês para investir? | Inteligência Financeira


Muita gente acredita que o mundo dos investimentos é para quem tem muito dinheiro, é formado em economia ou trabalha na Bolsa de Valores. Que nada, investir é mais fácil do que parece e quem vai provar isso para a gente é a fundadora de uma das maiores plataformas de finanças da internet: Nathalia Arcuri, da Me Poupe. Nesta entrevista, ela abre o jogo sobre como fazer o dinheiro trabalhar para você, além de dar dicas de investimentos e mostrar alguns dos segredos que usa para ter cada vez mais sucesso no mundo das finanças.

Dá para qualquer pessoa guardar dinheiro ou isso é privilégio de quem já tem grana?

Na realidade, guardar dinheiro é um dos piores hábitos que alguém pode ter! Eu explico: quando você guarda dinheiro, ele apenas perde valor, principalmente com os aumentos contínuos que estamos observando na inflação. O dinheiro deve ou ser poupado para algum objetivo específico ou investido. Também dá para fazer os dois: investir para poupar e realizar uma meta ou poupar para investir depois. E isso é possível para todo mundo com a educação financeira adequada e ajustando os valores para cada realidade.

Como se organizar para que o salário não termine primeiro que o mês?

Organize o seu quartinho das finanças: detalhe tudo o que você ganha e seu custo de vida, separe o que for fixo (gasto que não muda mês a mês) do que é flexível (gasto com variação de preço). Isso vai te ajudar a entender para onde vai o seu salário e o quanto é possível economizar. Agora que você já sabe quanto entra e quanto sai, parta para as metas, defina tudo o que você quer para o seu dinheiro a curto, médio e longo prazos. Depois de saber onde está e para onde pretende ir, comece a poupar, nem que seja R$1 por mês. Lembre-se: existem alternativas que fazem seu dinheiro trabalhar para você e elas são acessíveis.

Está certo dizer que poupar dinheiro é um hábito? Se é, conta para a gente como se faz!!

O certo é pensar na visão de longo alcance: estabelecer o que se quer, criar uma meta e começar a poupar para aquilo, reservando mês a mês uma quantia. Sério, é muito mais fácil do que a gente imagina porque a partir do momento em que você estabelece que está precisando daquele dinheiro para aquele fim, você começa a poupar! Claro, esse processo pode ser mais difícil dependendo da realidade de cada um, por isso também é interessante pensar em maneiras de cortar custos e/ou fazer uma renda extra.

Qual é o seu segredo na hora de cortar custos?

Eu chamo de método das três canetas. Basicamente, o que você precisa é, além dos seus extratos, de três canetas, uma régua e outra pessoa que vai te “entrevistar”. Antes de começar, anote num papel tudo que é essencial para você, tudo que você não vive sem, mas sem ver o extrato. Depois, a outra pessoa vai ler os seus extratos e te falar os gastos, linha por linha. Daí você responde se esse gasto não poderia ser reduzido de jeito nenhum, se poderia ser reduzido ou se poderia ser eliminado. E, para cada resposta, use uma das cores. No fim, você vai ver o extrato todo colorido e o quanto de dinheiro você poderia ter economizado e já ter investido.

Quanto da renda mensal você aconselha investir, levando em conta criar um pé de meia para o futuro?

O ideal é separar 30% do salário para investimentos e, desses, 10% devem ir para a aposentadoria. Ou seja: viver hoje com 70% do que se ganha e reservar o resto para projetos de médio e longo prazo. No caso, estão incluídos a formação da reserva de emergência, planos de viagens, compras de imóveis e veículos, entre outras metas financeiras. Lembrando que nessa separação do seu salário, é importante deixar no fim: 55% para o essencial, 5% para educação e aprendizado contínuo, 10% para fazer o que quiser, 30% para os sonhos futuros.

E você aconselha fazer também uma reserva de emergência?

Olha, essa reserva é extremamente necessária porque nunca se sabe que tipo de imprevistos podem acontecer, como quebrar o carro, estourar um cano ou perder o emprego. E se você não está preparado, pode ficar endividado. Por isso, reserve um dinheiro que equivaleria aproximadamente a 6 meses do seu custo de vida. Mas atenção: o custo de vida não é salário, já que separamos todo mês 70% da renda para viver. E como esse é um dinheiro que você vai mexer só quando acontecer algum imprevisto, você precisa de liquidez imediata. Então, esse deve ser o primeiro critério para você investir sua reserva.

É normal ficar frustrado se realmente for preciso usar a reserva para resolver algum problema?

Em primeiro lugar, a reserva de emergência está aí exatamente para isso: para você não passar aperto. Portanto, se você precisou usá-la, a sensação deve ser mais de alívio do que de culpa. E se você precisou tirar uma parte para algum imprevisto, trate como uma prioridade “cobrir” esse valor de volta, o mais rápido possível.

O que considerar na hora de escolher entre investimentos de curto, médio e longo prazo?

Para objetivos de curto prazo, sugiro aplicações de renda fixa como CDBs, LCs, LCIs e LCAs. Se precisar do dinheiro em menos de um ano, o ideal é investir em CDB’s de liquidez diária que paguem no mínimo 100% do CDI ou o Tesouro Selic. Para metas de médio prazo, procure CDBs, LCIs e LCAs com o mesmo prazo que deseja realizar essas metas. Também existem alternativas no Tesouro Direto, vale pesquisar. Agora, pensando em longo prazo, além dos investimentos como CDB, LCI e LCA com prazo mais longo, também existem opções interessantes no Tesouro Direto, especialmente o Tesouro IPCA+ 2045, muito recomendado para quem já está pensando na aposentadoria. Quem tem um perfil um pouco mais arrojado e já estudou sobre renda variável também pode buscar investimentos em ações, ETFs, FIIs e fundos de ações.

Qual é a importância da diversificação dos investimentos?

À medida que eu fui aumentando o meu patrimônio, fui diversificando mais os meus investimentos. Isso te ajuda a diminuir riscos. Assim, em momentos de muita variação no mercado, como em anos de eleição presidencial, sua carteira vai aproveitar a volatilidade sem muito risco.



Fonte: G1