Produção de leite fica em risco com enchentes no Rio Grande do Sul


As intensas chuvas que têm castigado o Rio Grande do Sul ao longo desta semana estão colocando em risco a produção de leite no estado. De acordo com o presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando), Marcos Tang, a situação é crítica, pois as estradas e vias secundárias estão sendo bloqueadas por deslizamentos de terras.

De acordo com Tang, a situação é alarmante para muitas propriedades gaúchas.

“Muitas estão alagadas e isoladas devido à queda de barreiras, o que significa o não recolhimento de leite e, portanto, o não abastecimento à indústria que, por sua vez, não tem mais embalagens para o envasamento do pouco produto que chega”, observa.

O presidente também relata que as propriedades estão começando a enfrentar escassez de combustível e alimentação para vacas.

“Sei de propriedades, com grande número de vacas, que estão ordenhando uma vez ao dia só porque têm pouquíssimo combustível. Não conseguem buscar mais e estão tocando os geradores com este combustível. Os produtores estão fazendo alguns trajetos a pé, pegando óleo em pequenas quantidades, enquanto for possível. Temos relatos de uma enorme diminuição de ração para os animais, pois faltará o produto em alguns estabelecimentos”, reforça.

Produção de leite fica em risco com enchentes no Rio Grande do Sul Produção de leite fica em risco com enchentes no Rio Grande do Sul
Rio Grande do Sul é o terceiro maior produtor de leite do Brasil. Foto: Envato

O Rio Grande do Sul ocupa a posição de terceiro maior produtor de leite do Brasil, com uma contribuição significativa de aproximadamente 12,1% da produção nacional. Nos últimos três anos, de 2020 a 2022, o estado teve uma média de produção de cerca de 4,2 bilhões de litros de leite.

Tang destaca a importância de priorizar o auxílio às vidas humanas neste momento crítico, mas também ressalta que o setor está enfrentando mais uma tragédia.

“Realmente é muito difícil e estamos esperando que as chuvas diminuam para que as estradas possam ser abertas, pelo menos, para dar acesso à chegada de comida, assim como também de embalagens para a indústria, e desta forma atender ao consumidor. Passou de uma enchente para uma catástrofe geral”, avalia.

Bloqueios das rodovias no Rio Grande do Sul

O Rio Grande do Sul continua sofrendo com bloqueios parciais e totais em 102 pontos de 58 rodovias, devido às enchentes que assolam o estado desde a semana passada. Além disso, tanto o aeroporto quanto o porto da capital Porto Alegre permanecem fechados, sem previsão para retomada das operações.

Entre as rodovias federais com trechos completamente bloqueados estão a BR-290, desde a capital até pelo menos a região de Eldorado do Sul; a BR-116, em vários pontos entre Porto Alegre e São Leopoldo; e a BR-158 na área de Santa Maria.

O levantamento foi realizado pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), o Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) e a Polícia Rodoviária Federal.

Produção de leite fica em risco com enchentes no Rio Grande do Sul Produção de leite fica em risco com enchentes no Rio Grande do Sul
O Rio Grande do Sul continua sofrendo com bloqueios parciais e totais em 102 pontos de 58 rodovias. Foto: Reprodução/G1

Além disso, há diversos outros trechos com bloqueios totais ou parciais em estradas que cortam cidades como Porto Alegre, Caxias do Sul, Charqueadas, Guaíba, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Bento Gonçalves, Veranópolis, Lajeado, Encantado, Cachoeira do Sul, Santa Maria, Erechim, entre muitos outros municípios.

O Porto de Porto Alegre também está completamente fechado, sem qualquer perspectiva de voltar a operar. Os demais terminais portuários do Estado, em Rio Grande e Pelotas, continuam funcionando normalmente, mas estão sob monitoramento da autoridade portuária, dado que os portos estão na rota de escoamento das águas para o Oceano Atlântico.



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