Banco Central eleva para 5% estimativa de inflação em 2023 e vê chance maior de estouro da meta

Se projeção for confirmada, será o 3º ano seguido de inflação acima do teto da meta, que é de 4,75%. Principal ferramenta para tentar cumprir meta é a taxa de juros, hoje em 13,75% ao ano. O Banco Central revisou de 4,6% para 5% a estimativa para o crescimento da inflação em 2023.
A informação consta do relatório de inflação do quarto trimestre, divulgado nesta quinta-feira (15).
No Brasil, a inflação considerada oficial é medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação para o próximo ano é de 3,25% e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.
Com o aumento da estimativa de inflação para 2023, subiu também a probabilidade de estouro do teto da meta, ou seja, de a inflação ficar acima de 4,75% em 2023
Em setembro, o BC informou que essa probabilidade estava em 46%. Agora, no relatório de inflação de dezembro, divulgado nesta quinta-feira, a chance passou para cerca de 57%
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Terceiro ano seguido de estouro
Se confirmado não atingimento da meta em 2023, esse será o terceiro ano seguido de estouro. Em 2020, a inflação somou mais de 10%, ultrapassando o teto.
Para 2022, o Banco Central informou que elevou sua projeção de inflação, medida pelo IPCA, de 5,8% para 6%
A meta de inflação para este ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3,5% e será cumprida se oscilar entre 2% e 5%
Com isso, o BC informou que a probabilidade de estouro da meta, ou seja, de nova superação do teto, passou de 93% para “próxima de 100%”
Pressões inflacionárias
Neste ano, as pressões inflacionárias decorreram de:
a pandemia; que gerou a interrupção temporária na oferta de alguns produtos
pagamento de recursos extraordinários à população (auxílios temporários)
guerra na Ucrânia, que gerou alta de combustíveis
Para 2023, a inflação pode ser impactada, entre outros fatores, pelo possível retorno de tributos federais sobre combustíveis, além de elevação dos gastos orçamentários (por meio da PEC da transição).
O governo eleito, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pediu autorização ao Congresso para elevação de R$ 168 bilhões nos gastos públicos por dois anos. O texto ainda será avaliado pela Câmara dos Deputados.
Taxa de juros
Para tentar cumprir a meta, o Banco Central define a taxa básica de juros, a chamada Selic, atualmente em 13,75%, maior patamar em seis anos.
Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o Banco Central pode reduzir o juro básico da economia
Neste momento, o BC já está ajustando a taxa Selic para tentar atingir a meta de inflação dos próximos anos, uma vez que as decisões sobre juros demoram de seis a 18 meses para terem efeito na economia

Fonte: Portal G1