Jeep Compass Longitude turbo é o sonho da classe média


Quando a primeira geração o Jeep Compas foi lançada nos EUA em 2006, ninguém imaginaria que ele chegaria onde está hoje. Aquele modelo era um verdadeiro desastre: acabamento ruim, visual controverso e conjunto mecânico defasado fizeram dele um fracasso nas vendas. Mas o destino mudou totalmente quando, em 2016, ele foi apresentado no Brasil.

Fomos os responsáveis por revelar ao mundo a segunda geração do Jeep Compass e as honras valeram à pena. Ele se tornou o SUV médio mais vendido do país, abriu um novo espaço para a categoria, que mostrou que poderia vender tanto quanto os compactos. Além disso, fez com que Toyota Corolla Cross e Volkswagen Taos existissem.

Mas o Compass se provou o verdadeiro sonho da classe média. Ele apresenta a sofisticação que esse público procura, onde quer parecer ter um produto premium. Além de um visual agradável, lista de equipamentos bem servida e a tão desejada robustez de um SUV. Mas será que por R$ 158.990 na versão Longitude, esse sonho é realidade?

Jeep Compass Longitude [Auto+ / João Brigato]
Jeep Compass Longitude [Auto+ / João Brigato]

Recalibrado para cima

Não dá para dormir no ponto enquanto os rivais chegam ainda mais armados. Por isso, a Jeep remodelou o Compass em 2021 e deu a ele um novo motor. Saiu de cena o beberrão 2.0 Tigershark de 166 cv e 20,5 kgfm de torque, entrou o 1.3 GSE turbo de 185 cv e 27,5 kgfm. É o mesmíssimo conjunto mecânico da prima Fiat Toro.

O motor é acompanhado de uma transmissão automática de seis marchas, igual à da Toro. Mas na hora de andar, quanta diferença em relação à picape. O Compass é mais contido em suas acelerações e reações. Ele se comporta de maneira mais pacata, quase como se não tivesse um motor turbo tão potente quanto tem.

Jeep Compass Longitude [Auto+ / João Brigato]
Jeep Compass Longitude [Auto+ / João Brigato]

A Jeep optou por um acerto mais confortável e comedido no SUV. O pedal de acelerador não é tão sensível quanto o da Toro e o Compass parece se arrastar um pouco nos primeiros metros. Para acordar verdadeiramente, o botão Sport no console central se faz bem-vindo. Mas isso não significa que ele vacile na hora que precisa.

Não é um canhão, até porque chega aos 100 km/h em 9,3 segundos, mas não é um carro que passa vergonha. Depois que embala, o Compass acelera bem e ganha velocidade com relativa desenvoltura. Evidentemente é um degrau acima do antigo 2.0 aspirado, mas não parece tão diferente quanto a mudança de coração ocorrida na Toro.

Jeep Compass Longitude [Auto+ / João Brigato]
Jeep Compass Longitude [Auto+ / João Brigato]

Ao menos o consumo melhorou. Segundo dados do INMETRO ficou em 7,1 km/l na cidade com etanol e 8,6 km/l com gasolina. Durante nossos testes, o Jeep Compass manteve média de 8,2 km/l com etanol em trecho 50% estrada e 50% cidade. Ainda não é exemplo de economia, mas está dentro de uma média saudável para a categoria.

Em concordância com esse comportamento mais calmo está a transmissão automática de seis marchas. Ela tem trocas suaves na maioria das situações, mas vez ou outra encasqueta de atrasar demais a troca e depois fazê-la com um tranco. Ele insiste em subir de marcha aos 3 mil giros desnecessariamente em muitas situações.

Jeep Compass Longitude [Auto+ / João Brigato]
Jeep Compass Longitude [Auto+ / João Brigato]

Tipo chaise

Tendo conforto como palavra máxima dentro de seu vocabulário, o Jeep Compass entrega direção bem levinha. O novo volante com couro aveludado de qualidade digna de marca premium permite ser girado com a força de um dedinho, tamanha leveza nas manobras.

Ele ganha mais peso em velocidades mais altas, mas tem pouco feedback do asfalto e centro levemente morto. Como é um carro voltado a uma condução mais comedida e confortável, está dentro do esperado para um modelo assim.

Jeep Compass Longitude [Auto+ / João Brigato]
Jeep Compass Longitude [Auto+ / João Brigato]

Já a suspensão é a estrela do Compass, como é em todo Jeep. Verdadeiramente robusta, encara a buraqueira sem a menor dificuldade e em completo silêncio. Mesmo em terrenos mais acidentados, não faz barulho ou da sensação de fim de curso. É confortável na medida certa sem deixar a carroceria bambear em curvas mais fortes.

Contribui para esse efeito confortável os bancos macios na medida certa. Eles têm bom suporte lateral e boa quantidade de regulagens, as quais permitem manter a coluna bem apoiada e sem dores, mesmo após horas atrás do volante. Ajuda o fato de o volante ter ajuste de altura e profundidade para achar a posição correta para dirigir.

Era referência e foi além

Desde seu lançamento, o Jeep Compass sempre foi pautado como um dos melhores acabamentos da categoria – se não o melhor em sua faixa de preço. Muito material macio ao toque, encaixes bem feitos e uma escolha interessante de materiais. Mas isso foi além com a reestilização.

Ele ganhou cabine completamente nova, com visual ainda mais elegante e materiais de qualidade por todos os cantos. Tudo bem que a versão Longitude não traz faixa de couro como nos modelos mais caros – em seu lugar uma sessão texturizada prata de bom gosto, mas levemente aquém do restante dos plásticos da cabine.

[Auto+ / João Brigato]
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A faixa em metal que atravessa toda a cabine e da o tom também das saídas de ar é elegante. Junte isso ao console central alto com elementos em preto piano e entenderá porque a Jeep é vista quase como uma marca premium no Brasil. Na versão avaliada, os bancos em couro cinza claro Steelgray (opcional de R$ 1.600) contribuem para essa sensação de elegância.

Nessa versão também não há painel de instrumentos 100% digital. Mas os elementos analógicos junto a uma grande tela ao centro já dão conta do recado. Ele tem diversas funções diferentes e é bem completo, além de ótima qualidade de tela. Outra tela igualmente boa é a da central multimídia.

Agora em posição mais alta, ela é uma verdadeira televisão com 10,1”. Tem Android Auto e Apple CarPlay sem fio, Wi-Fi a bordo e controla diversos sistemas do carro. O ar-condicionado tem comandos físicos em botões logo abaixo, mas pode também ser controlado pela tela, o que adiciona praticidade. GPS integrado é destaque, junto dos menus personalizáveis.

Na medida

O modelo avaliado ainda contava com o Pack 80 Anos opcional que trazia carregamento de celular por indução (bem útil pois o Android Auto e o Apple CarPlay sem fio comem a bateria), park assist, retrovisor com rebatimento elétrico, partida remota e sistema de som Beats. O som, vale destacar, apesar de ser assinado, não impressiona tanto quanto deveria.

[Auto+ / João Brigato]
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Sendo a versão intermediária do Compass, a Longitude vem com ótimo pacote de itens de série. Estão lá itens como chave presencial, faróis full-LED com acendimento automático, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, ar-condicionado digital de duas zonas, bancos revestidos em couro, retrovisor elétrico e freio de estacionamento eletrônico.

Entre todas as versões disponíveis no Brasil, essa é a que tem o melhor custo-benefício. Pena que o Compass Longitude não oferece teto solar panorâmico nem como opcional. Algo que, inexplicavelmente, estava presenta na unidade avaliada pelo Auto+.

[Auto+ / João Brigato]
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Veredicto

O Jeep Compass é mais que certeiro para a categoria em que ele pertence. Parece e é mais sofisticado que a média. Tem a esperada robustez de um Jeep e não é mais um SUV de shopping. E agora finalmente tem um conjunto mecânico condizente com o preço que cobra – ainda que pareça amarrado em relação à Toro e beba um pouco mais do que o desejado.

A versão Longitude é a escolha certa dentro da gama Compass ao entregar o melhor custo-benefício com lista de itens de série generosa e preço dentro da realidade atual brasileira. Bem armado contra os rivais Volkswagen Taos e Toyota Corolla Cross, dificilmente o Jeep vai perder a liderança, dados seus comprovados ótimos atributos. Mas a vida fácil definitivamente acabou.

[Auto+ / João Brigato]
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Fonte: Revista Carro