O mistério da névoa sobre o farol de Arraial do Cabo intriga cientistas


A cidade de Arraial do Cabo é o centro de uma lenda envolvendo uma nuvem que aparece sempre no mesmo lugar, no alto de uma ilha, onde funcionava um farol, que teve que ser desativado por causa da falta de visibilidade. Os rochedos de Arraial eram muito arriscados para as embarcações na época do Brasil Império. Por isso, a Coroa portuguesa optou pela criação de um farol no topo da ilha mais alta da cidade, na época, território de Cabo Frio.

Quando as obras começaram, em 1833, os nativos da ilha alertaram que havia “neve” na região. Não vendo lógica na afirmação por se tratar de um país tropical, a obra continuou e o farol foi inaugurado em 1836. Mesmo com o farol, os acidentes continuaram acontecendo. O motivo? Exatamente a tal “neve” que os nativos haviam alertado. Hoje em dia, sabe-se que o vai-e-vem dessa nuvem do farol é causado pelo efeito orográfico. A montanha, que tem 395 metros de altitude, represa a umidade, formando a nuvem. E quando ela aparece é, na verdade, sinal de tempo aberto.

Na área, que pertence à União, pesquisadores da Marinha seguem investigando outras características dessa névoa. “O pesquisador é um bicho curioso. Então as pessoas falam e a gente tem que correr atrás de comprovar, entendeu? Um dos fatores é o dito popular que quando tem a nuvem do farol, o tempo é bom. Então é um estudo que pode ser transportado daqui de Arraial para diversos outros lugares do país e do mundo, então, isso já justifica a nossa curiosidade em querer saber mais sobre essa nuvem”, diz Marcelo Riff, suboficial da Marinha.