Filme expõe drama do Neymar uruguaio uma promessa no futebol


Dentre os grandes sonhos de crianças e adolescentes pelo mundo afora, um dos principais é ser jogador de futebol. Pois esse é o caso do jovem Tito, interpretado por Facundo Campelo, no filme “Meu Mundial – Para vencer não basta jogar”, que estreia em 19 de setembro no Brasil. O longa aborda a vida de um jovem de 14 anos, pobre e morador de uma pequena cidade no Uruguai. Com seu talento, acaba chamando a atenção de um olheiro de futebol, que realiza uma proposta tentadora de levar ele e toda sua família para Montevidéu. Tudo estaria no caminho certo se essa fama conquistada repentinamente e muito cedo não alterasse sua personalidade. Ele deixa de querer completar os estudos, o que acaba gerando um grande problema familiar e de amizades para Tito.

Um dos personagens mais importantes para isso na trama é Rolando, interpretado pelo ator brasileiro Roney Villela. Seu personagem, também brasileiro, vê talento em Tito e tenta levá-lo para clubes de maior expressão. Ele diz que o jogador será o ‘Neymar uruguaio’. O filme expõe o agente como alguém que tenta lucrar com a carreira da promessa. A obra dirigida por Carlos Andrés Morelli trata sobre amadurecimento, complicações familiares, primeiro amor e, especialmente, futebol. Esse último ganha um destaque aqui, para além da própria trama em si. São diversas cenas de partidas, além de citações a Neymar, Pelé e Diego Lugano, atual diretor de relações institucionais do São Paulo.

O ex-jogador uruguaio tem uma relação próxima com Daniel Baldi, ex-jogador de clubes como Danubio e Peñarol, autor do livro “Mi Mundial”, lançado em 2010, que deu origem ao filme. Os dois são amigos e o ex-zagueiro do São Paulo escreveu a introdução da obra do escritor uruguaio. “Essa vida futebolística sempre me interessou muito desde que eu era muito jovem, quando saía de casa para jogar futebol e estudar”, conta Baldi. A relação familiar é um dos fatores de maior destaque dentro da história. O pai de Tito, Ruben se divide na tentativa de agradar o filho ao incentivá-lo a jogar e ao mesmo tempo se preocupa sobre sua condição futura.

Nestor Guzzini, ator que interpreta o pai, diz que Meu Mundial “não tenta mostrar soluções mágicas” para a situação. “É muito difícil essa possibilidade de mudar de vida não só para o garoto, mas para toda a família”, comenta Nestor. “É preciso entender também que atrás dos jogadores, mesmo que a equipe ganha ou perca, há uma pessoa que não sabemos que mundo viveu e as dificuldades que ele passou”. Segundo Daniel Baldi, menos de 1% dos jogadores que começam viram realmente profissionais, pelo fato de “terem que traçar um caminho muito longo”.

“Muitos acabam ficando pelo caminho mesmo, mas os que ficam é importante também que tenham um caminho bem direto a se traçar”, relata o uruguaio. Baldi começou escrever em 2006, quando atuava pelo Mineros, na Venezuela. Naquela época, lançou La Botella F. C, uma história infantil que ganhou outras quatro sequências. Ele segue ainda com mais força nesse caminho da escrita desde que se aposentou – em 2012 – publicando outros seis trabalhos, inclusive a sequência de “Mi Mundial”. Tornar-se um escritor não é algo muito comum para jogadores. “Sempre tive muito respeito [dos demais atletas]. Ganhei um prêmio da Fundação Celeste, de jogadores da seleção uruguaia”, diz Daniel Baldi. “Acho que sofri mais bullying pelos jornalistas, que muitas vezes me julgaram pela ‘capacidade intelectual’”,