Dólar fecha acima de R$ 4 pela primeira vez desde maio



Após cair a R$ 3,94 na mínima da terça (13), o dólar subiu 1,79% nesta quarta (14), maior alta porcentual desde 27 de março, e fechou em R$ 4,0388, valor mais alto desde 23 de maio.

Indicadores fracos da atividade econômica na China e na Alemanha renovaram preocupações com a perda de fôlego da economia e provocaram forte fuga de ativos de risco no mercado financeiro. Nos Estados Unidos, a inversão da curva dos rendimentos do títulos de 2 e 10 anos do Tesouro, mecanismo que historicamente não costuma falhar em prever recessões na maior economia do mundo, adicionou ainda mais preocupação nas mesas de operação em Wall Street. No mês, o dólar já acumula alta de 5,7%.

No mercado local, as mesas de câmbio monitoraram ainda a situação da Argentina, que teve novo dia de intervenções do Banco Central no câmbio, que não evitaram nova disparada de 8% da moeda americana no país vizinho. Os estrategistas do banco dinamarquês Danske Bank Jakob Ekholdt Christensen e Vladimir Miklashevsky avaliam que a Argentina pode seguir tendo algum contágio no Brasil, pela proximidade, mas o que vai pesar mesmo no apetite ao risco dos investidores e nos mercados de moedas emergentes, incluindo o real, é o desenrolar da relação comercial China/Estados Unidos, a situação da economia mundial e os rumos da política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Nesta quarta o que pesou mais foi o segundo destes fatores, o estado da economia mundial. O dólar abriu em alta aqui e seguiu assim o dia todo, com investidores aumentando posições defensivas no mercado futuro. Só nos últimos cinco dias, os estrangeiros aumentaram apostas contra o real, em posições compradas na B3, em US$ 1,7 bilhão. Na mesma estratégia, os fundos de investimento reduziram posições vendidas (que apostam na queda do dólar) em US$ 1,6 bilhão.

*Com Estadão Conteúdo