O comerciante Willian Hottz da Silva, de 32 anos, preso em flagrante por matar a tiros a ex-namorada, a farmacêutica Yasminny Couto Ribeiro, de 28 anos, já tinha feito diversas ameaças contra a vítima. Em um dos registros de ocorrência, feito em 2019, Yasminny alega que estaria sendo perseguida pelo ex-companheiro, que teria dito que ela iria “pagar caro” pelo término do relacionamento. Os dois ficaram juntos por nove anos, e o namoro chegou ao fim em outubro de 2019. Yasminny foi morta na última quinta-feira, em Sumidouro, na Região Serrana do Rio. Willian confessou o crime e foi preso pouco depois. Neste sábado, após audiência de custódia, teve a prisão convertida em preventiva.
A farmacêutica foi morta no bairro de Campinas, na zona rural do município. Segundo a polícia, Willian premeditou o crime. Yasminny foi assassinada na porta de casa, por volta das 20h. O comerciante teria se escondido no quintal da vítima e esperado ela chegar na residência para matá-la com cerca de quatro tiros no rosto. Após, ele teria fugido para um clube, propriedade de sua família, que divide muro com o local do crime. No estabelecimento, Willian deixou a arma e um casaco, e fugiu. Ele foi encontrado pouco depois por policiais militares que foram chamados para a ocorrência.
“A gravidade em concreto do delito demonstra a periculosidade do custodiado e a necessidade da prisão para resguardar a ordem pública. Destaca-se que o custodiado disparou contra o rosto da vítima repetidas vezes, o que aumenta a reprovabilidade de sua conduta”, disse o juiz Rafael de Almeida Rezende na decisão que converteu a prisão do comerciante.
Ainda de acordo com o magistrado, a liberdade de Willian nesta fase processual poderia prejudicar a aquisição de provas, “sobretudo diante da probabilidade de vir a influenciar negativamente o depoimento das testemunhas”.
Em setembro de 2019, Yasminny fez o primeiro registro contra Willian. O segundo foi feito apenas dois meses depois, em novembro. Em um deles, alega ter sofrido difamação e ameaça. No outro, ameaça. De acordo com o documento policial, Willian teria dito que Yasminny pagaria caro pelo término do namoro. A uma amiga da vítima, testemunha do fato, o comerciante teria dito que não teria “nada a perder”, e que, se fosse preso, seria “preso feliz”.
Poucos meses depois, em maio de 2020, Yasminny voltou a registrar ocorrência contra Willian. Desta vez, porém, pela delegacia on-line. Nela, relata que Willian teria descumprido a medida protetiva, conseguida em novembro do ano anterior, e que seguia com as ameaças, estando “claro” que não pararia: “Estou há 7 meses com temeridade em ocorrer algo comigo e com meu pai, que é um senhor de 69 anos”, relatou a vítima à época.
Em sua ficha de antecedentes criminais, Willian tem registros por ameaças, difamação e violência doméstica, o que corroborou para a conversão da prisão, já que, segundo o magistrado, aponta um perfil violento. Ao todo, ele é autor de crimes em nove procedimentos policiais, sendo o último feito no dia 24 de janeiro deste ano,segundo a polícia.
‘Não demonstrou remorso’
Willian foi encontrado por policiais militares pouco depois do crime. Agentes do 30º BPM foram acionados para verificar disparos de arma de fogo na rua João Faustino Lopes, no bairro de Campinas. No local, encontraram Yasminny já sem vida, sendo informados que o principal suspeito seria o ex-namorado da farmacêutica.
Ao se deslocarem até a casa do suspeito, os policiais se depararam com Willian chegando de moto. Ele, então, foi levado para a delegacia para prestar esclarecimentos, e, segundo os agentes, demonstrou nervosismo e inconsistência no depoimento. Imagens de câmeras de segurança obtidas por moradores e encaminhadas à polícia mostram a fuga de Willian e contribuíram para a investigação. No vídeo, Willian aparecia de casaco, correndo por um córrego até sua moto. O registro foi feito 5 minutos após o crime.
Os policiais, então, foram até o clube que pertence à família de Willian. Lá, encontraram uma escada usada na fuga, posicionada próximo ao muro que divide o terreno com a casa da vítima. A arma usada no crime foi encontrada escondida num poço. Logo após as apreensões, Willian confessou o crime, alegando um surto decorrente de depressão, em razão do término do relacionamento com Yasminny. Segundo a polícia, porém, ele “não demonstrou remorso”.
Fonte: Fonte: Jornal Extra