Vítima de feminicídio na Baixada deixa filho de 10 anos, que já perdeu o pai; ex-namorado está preso


A morte de Priscila Ferreira, de 35 anos, vítima de feminicídio em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, abalou profundamente a família. A vítima era mãe de um menino de 10 anos que, nos últimos quatro anos, tentava superar a perda do pai, que morreu vítima de infarto fulminante aos 38 anos. A criança, que agora é órfã de pai e mãe, já passava por tratamento psicológico para aceitar, aos poucos, a falta que a figura paterna fazia na sua vida. O garoto não estava em casa no último sábado, dia 6, quando a mãe foi assassinada a facadas pelo ex-namorado, Rone Vicente de Macedo, de 42 anos. O menino estava na casa da avó materna, informação que o agressor soube horas antes de aparecer na residência de Priscila, torturar a mulher por cerca de cinco horas, até matá-la porque não aceitava o fim do relacionamento, que durou menos de seis meses.

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Rone, que chegou a se ferir e ser socorrido ao Hospital municipal de Belford Roxo, foi preso em flagrante pelos agentes da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). Segundo a Polícia Civil, o agressor foi encaminhado para o sistema prisional. A irmã de Priscila, Suelen Ferreira, afirma que o ex-namorado da irmã acompanhava esse processo e “não teve coração” quando tirou a mãe do menino.

— Ela teve que lidar com todo o sofrimento do filho depois que o pai morreu. Meu sobrinho passa por tratamento com psicóloga, porque é uma criança sofrida e revoltada. Ele tem passado por esse processo há quatro anos para tentar se recuperar após a morte do pai. Ele (Rone) é uma pessoa sem coração. Ele sabia da história, em nenhum momento que o meu sobrinho ficaria órfão, não pensou em ninguém — diz.

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Priscila Ferreira e Rone de Macedo: namoro não chegou a seis meses de duração e terminou com o feminicídio da mulher
Priscila Ferreira e Rone de Macedo: namoro não chegou a seis meses de duração e terminou com o feminicídio da mulher Foto: Reprodução / Redes Sociais

A família busca justiça e acredita que todo o crime foi premeditado e calculado por Rone de Macedo, que estava separado em definitivo de Priscila havia duas semanas. A vítima deu um fim à relação e ainda tentou manter uma amizade com o ex, segundo a família, o que foi em vão. A primeira vez que eles haviam terminado, a mulher fez um registro de ocorrência contra ele por ameaça, roubo de carro e agressões verbais e físicas. Ele retornou uma semana depois do episódio com o veículo e pedindo perdão, que foi aceito por Priscila. Mas desde o problema, o relacionamento já não era mais o mesmo, e a vítima tentou se afastar do agressor.

— Para ele, não tem que ter segunda chance não. Ele faz mal para sociedade. Ele é perigoso. Se ele surtar de novo, ele pode matar outra pessoa, outra mulher, assim como fez com a minha irmã. A Priscila não era propriedade dele, assim como nenhuma mulher será. Ele é um assassino e faz mal para sociedade. Ele foi frio e calculou tudo do crime. Tinha até fita isolante na mochila que ele levou para casa da minha irmã, assim como a faca usada e gasolina. Ele planejou tudo para acabar com a vida dela — diz Suelen.

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O crime

Priscila foi assassinada a facadas na manhã do último sábado, dia 6, dentro de casa, no bairro Itaipu, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. A vítima de feminicídio deu fim à relação duas semanas antes do crime com Rone Vicente de Macedo, mas o ex-companheiro não aceitava o término, segundo a família, e tentou de todas as formas que reatassem. A vítima foi surpreendida pelo ex-namorado por volta das 5h e acabou torturada até ser morta por volta das 10h.

Rone Vicente de Macedo, de 42 anos, é o agressor de Priscila Ferreira e não aceitava o fim da relação
Rone Vicente de Macedo, de 42 anos, é o agressor de Priscila Ferreira e não aceitava o fim da relação Foto: Reprodução / Redes Sociais

Ele sobreviveu e foi preso em flagrante por agentes da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). Ele foi encaminhado para o sistema prisional. A arma do crime foi recolhida próxima ao corpo da vítima, que tentou se defender das agressões. No corpo, haviam hematomas nas pernas, cortes nos braços, incluindo um profundo no antebraço.

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Priscila foi sepultada no domingo, dia 7, no Cemitério Jardim da Saudade, em Mesquita, em uma cerimônia que contou com a presença de parentes e amigos próximos. Recentemente, ela começou a trabalhar em um depósito de veículos da prefeitura municipal, além de ter um campo de futebol que administrava após a morte do marido, há quatro anos, vítima de infarte fulminante aos 38 anos. A família não se conforma com o crime.

— A Priscila era guerreira, muito forte por ela e pelo filho. Ajudava a minha mãe, cuidava dos enteados. Ela trabalhava de dia na prefeitura e, à noite, no campo de grana sintética. Ela era tudo para gente, era o pilar da nossa família. Ele não tirou só a vida dela, acabou com a vida da minha família. Ela pagou com a própria vida a bondade dela. Terminou com ele há duas semanas, mas nunca imaginou que ele pudesse matá-la. Nem a gente imaginava isso — diz Suelen.



Fonte: Fonte: Jornal Extra