“Uma ação orquestrada”, diz defesa sobre filmagem de abordagem na CIC


O advogado Cláudio Dalledone Júnior afirmou que a filmagem da empresária Stephany Rodrigues, envolvida na polêmica abordagem feita pela Polícia Militar (PM) durante procedimentos da Ação Integrada de Fiscalização Urbana (Aifu), na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), foi uma ação orquestrada para intimidar a força policial. A fala do representante, que defende o sargento e o capitão envolvidos no caso, foi feita à Banda B nesta segunda-feira (25).

“O que aconteceu foi algo orquestrado que culminou nestas cenas. As cenas não são bonitas porque a ação policial nunca é bonita (…). Foi uma ação orquestrada para intimidar a força policial. A Polícia Militar, ou qualquer força de segurança, tem que ser respeitada”, iniciou o advogado.

Empresária vai responder por desacato. Foto: Reprodução / Redes Sociais

Esta abordagem na CIC aconteceu na madrugada do último sábado (25). Um vídeo mostra cenas da confusão envolvendo algumas abordagens na Rua Raul Pompéia. A empresária que afirmou ter sofrido agressões da equipe policial que realizou a abordagem, inicialmente, filma a prisão de um rapaz.

Em seguida, ainda com a câmera, ela se aproxima dos PMs e demonstra seu espanto com a abordagem. “Vocês passaram dos limites! Ridículos”, repete Stephany durante a gravação. O celular é derrubado na rua e, após a queda, um homem pega o aparelho e continua as filmagens. É neste momento em que as agressões contra a empresária começam (veja a situação neste link).

“As imagens foram fragmentadas e em um contexto que não coincide nem com as lesões, nem com o que foi filmado, estão sendo publicadas. Mas isto não reflete a opinião pública (…). Existe uma opinião publicada para incriminar e fazer uma caricatura daquilo que já é grave e sério. (…) A Polícia Militar foi atender um ‘clamor’ de uma comunidade.”, opiniou Dalledone.

Uso da força

Também à Banda B, o capitão Ronaldo Goulart, responsável pela Aifu, ressaltou que o uso da força foi necessário para que a empresária fosse contida. Ainda, segundo ele, a mulher agiu de forma ‘desequilibrada’. “A partir dos exames ela recusou a limpeza dos ferimentos. Ela queria aproveitar a imagem para elaborar seus vídeos”, disse à reportagem neste domingo (25).

Dalledone também analisou a situação.

“O sargento, no uso progressivo da força, não deu nenhum golpe contundente, não agrediu a menina. A moça, que se diz vítima, quando resistiu porque chamou de f.d.p [sic] o capitão, recebeu a voz de prisão, resistiu à prisão cometendo mais um crime. Ela não queria ser algemada e, para ser contida, acabou tendo aquelas escoriações no rosto”, refletiu o advogado.

Stephany

Stephany Rodrigues, a empresária envolvida na polêmica abordagem, é dona de uma hamburgueria no bairro. O comércio foi fechado por estar com a ocupação acima da capacidade permitida por decreto municipal. O local foi multado em R$ 30 mil por conta do descumprimento e, também, por não fornecer álcool gel.

O advogado de Stephany, Igor José Ogar, disse em entrevista à Banda B, também no sábado (23), que as imagens registradas evidenciam o abuso de autoridade durante a abordagem. Ele citou, inclusive, que a agressividade dos policiais é clara nos vídeos.

“Posso dizer, em defesa da Stephany (…), que é latente o abuso de autoridade, o qual salta os olhos tamanha agressividade e desproporcionalidade nos atos praticados por esse policial e por aquele batalhão que observa inerte sem tomar nenhuma atitude, mesmo quando sabe que as imagens estão sendo registradas pela população e familiares da vítima”, afirmou Ogar.

Após a abordagem, a mulher foi encaminhada à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para cuidar dos ferimentos. Em seguida, Stephany foi levada à delegacia acusada pelos crimes de desacato e resistência à prisão.

Governo pede apuração rigorosa

Governo do Paraná já se manifestou sobre o caso e destacou que excessos nas ações da PM não podem ser tolerados. A determinação é para que a agressão da empresária receba apuração rigorosa. A Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp-PR) determinou às polícias que apurem o caso. A conclusão dos procedimentos deve ser de pelo menos 30 dias.

Repúdio da OAB-PR

Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PRexpressou repúdio à agressão sofrida pela empresária no CIC. A ordem classificou a ação como exagerada e com “inaceitável uso da força contra a cidadã, a pretexto de desacato”.

Para a OAB, as forças policiais devem proteger a população com segurança e é inimaginável que diligências de índole fiscalizatória a respeito das regras sanitárias de prevenção a Covid-19 resultem em atos tão violentos.





Fonte: Banda B