Traficante autorizou venda de drogas em creches e escolas de favelas em Caxias de dentro de presídio

Em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, que começaram há cerca de um ano, a Polícia Civil identificou que mesmo de dentro de um presídio de segurança máxima, a Penitenciária Laércio da Costa Pelegrino (Bangu 1), o traficante Charles Silva Batista, o Charles do Lixão, autorizou uma aliança entre ladrões de cargas — com empréstimo de armas — e permitiu que a venda de drogas fosse feita no interior de pelo menos quatro escolas e uma creche que fica dentro de um complexo de favelas — em especial a do Lixão e a Vila Ideal — em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Na manhã desta sexta-feira a Polícia Civil cumpriu 40 mandados de prisão — inclusive dentro da cadeia contra Charles — expedidos pela Vara Criminal do município. A ação foi batizada de Operação Lix.

Até as 8h40, 17 pessoas haviam sido presas. Um homem morreu durante uma troca de tiros na Favela do Lixão. Ele era um dos alvos da ação, mas acabou atirando contra os policiais, que revidaram, no momento que seria preso.

Segundo a Delegacia de Combate as Drogas (Dcod), Charles — com o objetivo de aumentar os lucros — teria se unido a especialistas em roubos de cargas, de carros e a pedestres. A investigação descobriu que antes dos ataques acontecerem era realizada uma reunião na comunidade do Lixão e o grupo criminoso definia a porcentagem de cada roubo. Charles ainda determinou que armas fossem emprestadas aos ladrões.

— Eles se reuniam para planejar o que seria dividido e o que iriam roubar e se ajustavam. Ao término do roubo eles dividiam tudo o que conseguiam. Parte dos produtos roubados ficava com os criminosos e com os especialistas — disse o delegado Gustavo Castro, titular da Dcod.

A venda de drogas dentro de escolas e creches teria sido determinada por Charles após apreensões da policia durante operações nas áreas controladas por ele.

— Usamos interceptação telefônica (com autorização da justiça). Através dela descobrimos que traficantes da maior facção criminosa do Rio traficava dentro de instituições de ensino e no interior de creches da comunidade. Eles se instalaram ali para evitar que fossem presos pela polícia, até mesmo diante das limitações que as forças de seguranças têm para atuar nesses locais — destacou o delegado.

As ordens de Charles para a mudanças na estratégia do trágico local teria mudado de rumo após a morte de seu filho, o também traficante Charles Jackson Neres Batista, o Charlinho, durante um confronto com a Polícia Militar em março de 2019.

— O Charles Batista é antigo, está preso há bastante tempo e mesmo em Bangu 1 ele consegue mandar as suas ordens e recados. Identificamos que após a morte de seu filho, o Charlinho, ele indicou os gerentes do tráfico de drogas na Vila Ideal e do Lixão — disse Castro.

Vendo que poderia lucrar com a venda de imóveis construídos irregularmente, Charles permitiu que moradores — muitos deles que não concordavam com os desmandos dos criminosos — fossem expulsos de suas residências. Nos espaços, o traficante teria ordenado a construção de prédios para que fossem vendidos dentro da comunidade. Durante a operação desta sexta, os agentes encontraram uma obra que estava começando.

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Fonte: Jornal Extra
Fotos: divulgação