Gilmara Monique de Oliveira Amorim, condenada a 18 anos por sequestro e assalto a banco, cumpria a pena em regime semiaberto no Instituto Penal Oscar Stevenson, na Zona Norte do Rio, quando saiu para visitar a família e não voltou mais. Ela ficou seis anos foragida antes de ser capturada em maio de 2020, ao ser parada numa blitz. Ela só ficaria presa por seis meses: em novembro passado, Gilmara fugiu da cadeia graças a um alvará de soltura falso.
O esquema que ela usou para sair do presídio pela porta da frente foi o mesmo que funcionou com os traficantes internacionais de armas João Filipe Barbieri e João Victor Roza, também condenados. Até o mesmo nome falso foi usado. Nos três casos, os fraudadores usaram o nome de um oficial de Justiça que não existe, José O. P. Pacassi, para entrar em contato com os presídios e encaminharem os alvarás de soltura fraudulentos. O uso dos documentos fraudulentos para soltar Barbieri e Roza foi revelado pelo “RJ TV”.
Os alvarás falsos foram enviados ao presídio por um email particular, que pode ser criado de graça na internet — contrariando as normas do Conselho Nacional de Justiça para o envio de alvarás de soltura. A agente penitenciária que recebeu o documento falso e libertou Gilmara prestou depoimento na última sexta-feira na Delegacia da Polícia Federal de Niterói. Em seu relato, ela alegou que “em decorrência da pandemia, a orientação da administração era que os recebimentos de soltura fossem recepcionados pelo e-mail, a orientação também autorizava o procedimento para cumprimento da medida sem a presença do oficial de Justiça”.
Segundo a sentença que a condenou, Gilmara integrou um grupo acusado de planejar e executar mais de dez assaltos a banco no Rio. Ela também participou do sequestro do gerente da agência da Caixa Econômica Federal no Aeroporto do Galeão em 2008. Na ocasião, o bancário, a esposa e a filha foram mantidos em cativeiro por um dia. Ela foi presa pelos crimes em julho de 2008.
A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) determinou um mutirão para revisar alvarás de soltura cumpridos desde setembro do ano passado. Pelo menos 43 casos estão sendo investigados.
Fonte: Fonte: Jornal Extra