Sabine Bighici é indiciada pelos crimes de estelionato, cárcere privado, roubo, extorsão e associação criminosa

A Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa de Terceira Idade (Deapti) indiciou nesta quinta-feira (1) a atriz Sabine Coll Boghici, de 49 anos, filha do colecionador Jean Boghici, e outras quatro pessoas pelos crimes de estelionato, cárcere privado, roubo, extorsão e associação criminosa, contra a viúva do marchand, Geneviève Rose Coll Boghici, de 82 anos. A idosa foi mantida em cárcere privado durante um ano pela própria filha e teve 16 quadros roubados que estão avaliados em mais de R$ 700 milhões. Agora, caberá ao Ministério Público do Rio (MPRJ) denunciar ou não nos indiciados. A Deapti também pediu a conversão da prisão temporária para preventiva.

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O delegado Gilberto da Cruz Ribeiro, titular da Deapti, indiciou também, além da filha do colecionador, a vidente Rosa Stanesco Nicolau, a mãe Valéria de Oxóssi e companheira de Sabine; Gabriel Nicolau Traslavina Hafliger, filho de Rosa; Diana Rosa Stanesco, irmã de Rosa; e Slavko Vuletic, pai de Rosa e Diana.

O romeno Slavko Vuletic foi preso por participação em golpe milionário contra idosa
O romeno Slavko Vuletic foi preso por participação em golpe milionário contra idosa Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo

No entendimento do delegado, a vidente Jacqueline Stanesco, prima de Diana e Rosa, cometeu apenas estelionato. Cruz Ribeiro pediu a prisão preventiva de todos os envolvidos no golpe, exceto de Jaqueline. A prisão temporária do bando vence na próxima semana.

— Finalizamos o inquérito e ele já foi remetido ao Ministério Púbico. Pedimos a prisão preventiva de cinco deles. Por sua vez, não pedi a manutenção da prisão da Jacqueline porque não foram encontradas evidências de que ela participou dos crimes mais graves – disse Gilberto ao GLOBO, que completou: – Todos os quadros foram recuperados e estão passando por perícia para dizer se eles são verdadeiros. Numa análise preliminar ficou claro que eles são autênticos – afirmou o policial.

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Enquanto isso, a Deapti aguarda a chegada do depoimento do galerista Ricardo Camargo, que comprou cinco quadros de Sabine, que teriam sido roubados de sua mãe. O paulista já prestou depoimento em uma delegacia de São Paulo por carta precatória.

A reportagem tenta contato com os indiciados pela Deapti e com o galerista Ricardo Camargo.

A Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade (Deapti) deflagrou a Operação Sol Poente no dia 10 de agosto, contra suspeitos de roubar obras de arte — entre eles, quadros de Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral — joias e relógios Rolex. A obra de Tarsila do Amaral, que dá nome à operação, foi recuperada pela polícia na mesma manhã. Todos os envolvidos no crime foram presos.

Como ocorreu o golpe

A idosa, de 82 anos, foi ludibriada pelo grupo, que ofereceu tratamento espiritual para uma de suas filhas em troca de dinheiro. O contato com uma falsa vidente foi feito em janeiro de 2020, numa abordagem numa rua em Copacabana. A vítima chegou a pagar R$ 5 milhões pela suposta cura e ao desconfiar que estivesse sendo vítima de um golpe, não quis mais realizar as transferências bancárias e passou então a ser mantida em cárcere privado, em seu apartamento, na Zona Sul do Rio, pela filha, entre fevereiro de 2020 e abril de 2021.

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Durante o cárcere, a idosa chegou a ser agredida, privada de alimentação e teve uma faca colocada em seu pescoço para que fizesse a transferência de valores. Ela descobriu que todo o golpe havia sido articulado por Sabine, que também passou a vender obras de arte para uma galeria em São Paulo.

Entre as obras levadas pela filha estavam “O menino”, de Alberto Guignard; “Mascaradas”, de Di Cavalcanti; “Maquete para o meu espelho”; de Antônio Dias; e “Elevador Social”; de Rubens Gerchman.

Fonte: Fonte: Jornal Extra