Preso por matar mulher e filhos no Recreio disse à polícia que ‘ficou nos blocos’ no Centro após sair de casa

Em depoimento na Delegacia de Homicídios da Capital (DH), obtido pelo GLOBO, Alexander da Silva — preso, na manhã desta sexta-feira, pelo homicídio da mulher e de seus dois filhos, uma menina de 11 anos e um menino de 11 meses — contou ter vagado durante quase 24 horas entre o momento em que saiu de casa, num condomínio no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, por volta das 8h de quinta-feira, e a hora em que retornou ao prédio e foi preso, às 7h desta sexta-feira. Entre os locais por onde passou, Alexander disse que “ficou nos blocos” no Centro do Rio.

As vítimas do crime são Andréa Cabral Pinheiro, de 27 anos, seu filho Matheus Alexander Cabral Pinheiro da Silva, de 11 meses, e Maria Eduarda Fernandes Affonso da Silva, de 11 anos, filha de Alexander fruto de outro relacionamento.

O suspeito do triplo homicídio disse que atualmente trabalha como motorista de aplicativo. Apesar disso, quando deixou sua casa, na manhã de quinta-feira, não foi trabalhar: à polícia, Alexander negou ter cometido o crime, contou ter deixado a família viva quando saiu do apartamento e afirmou que “precisava se distrair”.

Andréa Cabral Pinheiro, morta ao lado do filho e da enteada no condomínio no Recreio dos Bandeirantes
Andréa Cabral Pinheiro, morta ao lado do filho e da enteada no condomínio no Recreio dos Bandeirantes

Primeiro, ele alegou ter ido a pé até um shopping do Recreio e entrado num carro de aplicativo rumo a Niterói. Pouco depois, porém, desceu na altura de outro shopping, na Barra da Tijuca, porque “o motorista não aceitava Pix”. Alexander disse ter ido até a Gardênia Azul e pego um ônibus — de uma linha que ele não se lembra — até perto da Ponte Rio-Niterói. Ali, pegou outro coletivo, da linha 100, até a rodoviária de Niterói.

Apesar do esforço para atravessar a Baía de Guanabara, Alexander afirmou ter voltado para o Rio num ônibus da mesma linha para o Centro do Rio, sem ter feito nada na cidade. No Centro, ficou nos blocos e retornou ao terminal Alvorada, na Barra, segundo contou em depoimento.

Já na Zona Oeste, o suspeito disse ter vagado pelas comunidades da Merck e Cesar Maia e pela Cidade de Deus. Por volta das 2h de sexta-feira — pelo que contou aos agentes da DH, ele já estava fora de casa perambulando há cerca de 18 horas — parou para se deitar num banco em um posto de gasolina perto de um lava a jato na Avenida Benvindo de Novaes, no Recreio.

Retorno ao condomínio, mas sem entrar em casa

Antes de chegar ao posto de gasolina, porém, Alexander disse ter passado no condomínio onde mora, por volta das 23h de quinta-feira. Em lugar de entrar no apartamento após 15 horas fora de casa, ele afirmou no depoimento que “apenas foi passear pela parte comum”; alegou não ter entrado em contato com a família porque Andréa iria para a casa da mãe, em Pilares, na Zona Norte do Rio.

O delegado Wilson Palermo, da Delegacia de Homicídios, disse que a perícia feita no local do crime constatou que Alexander dopou Andréa e as duas crianças antes de matá-las. O delegado disse ainda que o preso não demonstrou nenhum arrependimento.

— A perícia identificou que houve a utilização de melatonina, uma substância que tem como finalidade provocar sono. Não temos dúvidas de que foi realmente ele o autor do crime, até por conta de outras testemunhas — disse o delegado que ainda vai ouvir o acusado para obter mais detalhes sobre o crime e sua motivação.

Na tarde desta sexta-feira, parentes das vítimas liberaram os corpos no Instituto Médico-Legal (IML), no Centro do Rio e saíram do local sem falar com a imprensa.

Fonte: Fonte: Jornal Extra