Polícia vai exumar corpo de grávida assassinada encontrada sem o bebê


A Polícia Civil vai exumar o corpo da gestante e manicure Thaysa Campos dos Santos, de 23 anos. Grávida de oito meses, ela foi morta em setembro do ano passado, em Deodoro, na Zona Oeste do Rio, mas o bebê que esperava não foi encontrado em seu ventre no exame cadavérico feito no Instituto Médico-Legal (IML). A exumação foi autorizada pelo Tribunal de Justiça do Rio e está prevista para ocorrer na semana que vem, provavelmente entre os dias 5 e 6.

A Delegacia de Homicídios da Capital não divulgou o que quer saber exatamente com o novo exame. No entanto, a especializada deixou claro estar em busca de novas provas que ajudem a resolver o mistério em torno da autoria da do assassinato de Thaysa e ainda o que ocorreu com o bebê que ela esperava. Entre as questões que os investigadores tentam esclarecer está a causa da morte de manicure e qual o instrumento usado no assassinato. Por conta do avançado estado de decomposição do corpo, encontrado dia 10 de setembro, uma semana após ela desaparecer no dia 3, o laudo do IML não conseguiu apontar como a vítima foi assassinada.

RI Rio de Janeiro (RJ) 23/06/2021 - Túmulo de Thaysa Campos dos Santos . Ela estava grávida de oito meses e foi assassinada. No entanto, laudo cadavérico revela que o feto da criança, ou placenta, não foram encontrados.Foto de Gabriel de Paiva/ agência O Globo
RI Rio de Janeiro (RJ) 23/06/2021 – Túmulo de Thaysa Campos dos Santos . Ela estava grávida de oito meses e foi assassinada. No entanto, laudo cadavérico revela que o feto da criança, ou placenta, não foram encontrados.Foto de Gabriel de Paiva/ agência O Globo Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

Mãe da manicure assassinada, a psicopedagoga Jaqueline Campos enxerga na exumação a esperança de saber como sua filha morreu e o que aconteceu com o bebê que ela esperava. Segundo Jaqueline, Thaysa iria dar o nome de Isabella para criança que nasceria em outubro.

— Acho válido sim ( a exumação). A policia está correndo atrás e se Deus quiser teremos uma resposta para saber o que aconteceu. Quero saber como minha filha morreu e o que aconteceu com a neném que ela esperava — disse a psicopedagoga.

Para Nelson Massini, professor de medicina legal da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), que no início de julho analisou o laudo cadavérico a pedido do EXTRA, a exumação após 11 meses do assassinato é uma tentativa válida de avançar de alguma forma na investigação.

Grávida de oito meses e foi assassinada e teve a filha roubada da barriga
Grávida de oito meses e foi assassinada e teve a filha roubada da barriga Foto: Agência O Globo

Segundo Massini, mesmo após tanto tempo é possível encontrar no corpo uma pista que possa ajudar a polícia descobrir como a grávida foi morta. Caso ela tenha sido assassinada por sufocamento ou estrangulamento, por exemplo, vestígios da ação poderão ser encontrados no corpo. Mas, se ela foi dopada ou se morreu de hemorragia, após ter um parto forçado e o bebê levado pelo assassino, isso não seria detectado no exame por conta do atual estado do corpo.

— É possível, sim (detectar a causa da morte). Por exemplo, se tem o osso hioide (osso em forma de u localizado no pescoço) fraturado é um sinal de esganadura, entendeu? Agora, por exemplo, se houve envenenamento, se ela tiver sido dopada, ou se teve o parto forçado e morreu de hemorragia, isso seria impossível de detectar agora por conta de como o o corpo deve estar. A exumação é sempre o último ato para verificar a causa da morte. Aparentemente, o exame anterior não satisfez e por isso farão a exumação. A tentativa é sempre válida. A busca da verdade deve ser insistente. O que eu posso dizer é que não havia causa da morte no laudo cadavérico, e que, pelo laudo, o bebê não estava no ventre da vítima. Uma das hipótese é a de que o bebê foi levado após o parto — disse Massini.

RI Rio de Janeiro 25/06/2021 Grávida de oito meses, Thaysa Campos Santos foi encontrada morta, na linha férrea, em Deodoro. Foto Álbum de família
RI Rio de Janeiro 25/06/2021 Grávida de oito meses, Thaysa Campos Santos foi encontrada morta, na linha férrea, em Deodoro. Foto Álbum de família Foto: Agência O Globo

Thaysa desapareceu no fim da noite do dia 3 de setembro de 2020, quando foi buscar uma bolsa de gestante na casa de uma amiga. No dia 10, o corpo da manicure foi encontrado no leito da linha férrea, em Deodoro. Imagens de câmeras de segurança, que estão com a polícia, revelaram que a vítima foi arrastada por um homem para as proximidades do local onde apareceu morta.

Segundo laudo cadavérico, ao qual o EXTRA teve acesso, o bebê que ela esperava não foi encontrado no ventre da jovem, no exame feito por legistas no Instituto Médico-Legal, no Centro do Rio. A perícia realizada no corpo também não localizou vestígios de placenta, ou cortes na barriga, que pudessem indicar a retirada do feto por ato cirúrgico. Mas o documento deixa claro que a manicure deu à luz. O laudo, no entanto, não indica se isso ocorreu quando Thaysa ainda estava viva ou já depois de ter sido assassinada.



Fonte: Fonte: Jornal Extra