Polícia prende dois suspeitos de matar jornalista, pré-candidato a vereador em Araruama


Um sargento na Polícia Militar é apontado como o mandante do assassinato do jornalista e pré-candidato a vereador por Araruama Leonardo Soriano Pereira Pinheiro, o Léo Pinheiro, de 39 anos, executado a tiros em maio, no bairro Parati, em Araruama, na Região dos Lagos do Rio. A motivação da morte do jornalista é porque ele seria concorrente da mulher do sargento Alan Marques de Oliveira, a cirurgiã-dentista Elisabete Faria Abreu, que concorre pelo DEM nas eleições municipais deste ano. Neste sábado, Alan e o cúmplice foram presos.

No dia do crime, Léo Pinheiro, que mantinha a página “A Voz Araruamense”, onde postava vídeos que fazia nas ruas da cidade, fazia uma reportagem quando Alan e Cleisener Vinícios Brito Guimarães, conhecido como Kekei, chegaram em um carro e abordaram a vítima.

Kekei, que estava encapuzado, teria obrigado que o repórter ajoelhasse, e o executou. Em seguida a dupla fugiu. O crime aconteceu no mesmo bairro onde os dois foram presos hoje: Parati.

Segundo as investigações, motivação do crime seria que Leonardo, que também era líder comunitário, estaria arregimentando um grupo de eleitores na região onde o policial militar preso mora.

No mesmo bairro concorre pelo Democratas, a cirurgiã dentista Elisabete Faria Abreu, de 47, conhecida como “Beth Alan Marques”, e ambos estariam se estranhando na conquista de eleitores.

Alan Marques de Oliveira e sua esposa Beth Alan Marques, candidata ao cargo de vereadora em Araruama
Alan Marques de Oliveira e sua esposa Beth Alan Marques, candidata ao cargo de vereadora em Araruama Foto: Reprodução da intenet

Para a Polícia Civil, Alan decidiu matar Léo para que ele não interferisse e tirasse votos de sua esposa.

— A ação de hoje tem como objetivo identificar pessoas que estão interferindo no pleito eleitoral deste ano. É o caso. Nesse inquérito tivemos um tripé para atuar: inteligência, investigação e ação. Investigamos o procedimento, conseguimos juntar provas, preparamos a inteligência para fechar com as prisões de hoje. Pedimos ao judiciário que concordou com as prisões e diversos mandados de busca e apreensão e conseguimos fechar essa ciclo. Agora, caberá ao judiciário julgar os autores desse ciclo — diz o delegado Renato José Mascaranhas Perez, titular da 118ª DP.

Do grupo político da prefeita de Araruama Livia Soares Bello da Silva, a Livia de Chiquinho (PP), a cirurgiã dentista será intimada a prestar depoimento nos próximos dias, já que a morte do jornalista tinha como objetivo beneficiar a campanha da pré-candidata

Participaram da ação policiais da da 118ª (Araruama), com apoio das 124ª DP (Saquarema) e 129ª DP (Iguaba Grande). Com os presos os investigadores encontraram duas armas, dois carros e um jetski.

Em 2016, o sargento concorreu as eleições municipais por Araruama. Pelo Partido Social Democrático (PSD), o militar conseguiu apenas 787 votos e não conseguiu ser eleito. Naquele ano, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PM afirmou que tinha R$ 174 mil em bens.

Dois anos depois, o PM tentou uma cadeira na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Desta vez pelo Avante, Alan obteve apenas 2.399 votos e também não se elegeu. Em 2018, ao TSE, Alan declarou ter meio milhão de reais em bens. Em dois anos ele teve um salto de mais de 60% em patrimônios.

Segundo o Portal da Transparência do Governo do Estado, os rendimentos líquidos do sargento por mês é de apenas R$ 3,633.34.

Procurada, a Polícia Militar não quis informar em qual batalhão Alan está lotado atualmente. A corporação limitou-se a dizer que abrirá um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar a conduta do agente.

O sargento foi transferido para a Unidade Prisional da Polícia Militar, no Fonseca, em Niterói.

O EXTRA tenta falar com a defesa dos citados.



Fonte: Fonte: Jornal Extra