Polícia investiga se agressores de congolês na Barra da Tijuca trabalhavam em quiosque vizinho


RIO — A Polícia Civil apura se as pessoas que espancaram o congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, de 25 anos, faziam a segurança de um quiosque ao lado ao Tropicália, onde ele trabalhava há pelos menos três anos como atendente. Por causa da suspeita, a Orla Rio suspendeu a concessão dois dois locais. Os agentes buscam imagens de câmeras de segurança para descobrir quem são os agressores envolvidos no crime da semana passada. No começo da tarde desta terça-feira, a Civil decidiu pôr o caso sob sigilo. Quem assumirá o caso será o delegado Edson Henrique Damasceno, titular da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que também investigou o caso da morte do menino Henry Borel.

Vivi para contar: ‘Mataram meu filho aqui como matam em meu país’

Até agora, oito pessoas — entre funcionários e parente do rapaz — já foram ouvidos na DHC. Na manhã desta terça-feira, a Secretaria de Ordem Pública (Seop) esteve nos dois quiosques para apurar supostas irregularidades.

Moise Kabagambe trabalhava como atendente no quiosque Tropicália
Moise Kabagambe trabalhava como atendente no quiosque Tropicália Foto: Reprodução/TV Globo

A DHC estava esperando às 10h, o dono do quiosque. No entanto, até às 12h55m ele não havia chegado à especializada para prestar esclarecimentos. Seus advogados estão no local desde as 10h55.

Violência: Congolês morto em quiosque na Barra teve pés e mãos amarrados após agressões

Pouco depois das 14h30, os advogados da OAB, que defende a família do congolês, chegaram à DHC. Os defensores não quiseram falar com à imprensa. Entretanto, afirmaram que os familiares do refugiado não irão prestar esclarecimentos nesta quarta-feira.

‘Ele foi morto por R$ 200. Esse é o valor de uma vida’, diz deputada

Dani Monteiro, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, afirmou que Moïse foi morto ao cobrar R$ 200 reais, diária de dois dias de trabalho. A parlamentar se encontrou com os familiares do congolês na segunda-feira e voltará a se reunir com os parentes do refugiado, que deixou em 2011 ma República Democrática do Congo fugindo de conflitos armados, ainda nesta terça-feira. Ela está na sede da DHC para acompanhar os familiares da vítima.

— É difícil falar desse tema. Negros e negras daqui, e também os asilados, não são vistos como cidadão. Ele foi morto por R$ 200. Por R$ 200. Quanto vale a nossa vida negra? Estamos falando de um trabalhador que vendeu sua força de trabalho e foi apenas receber. No entanto foi morto. O corpo dele foi amarrado, espancado na rua e tudo foi naturalizado. As pessoas passavam e não falavam nada. Temos o relato (das agressões) da família e todas as informações da perspectiva cabe àa Polícia Civil — disse a parlamentar, que completou:

— A comunidade congolesa está conversando com a embaixada e estamos à disposição. (No Rio) São cerca de cinco mil imigrantes do Congo e boa parte deles são refugiados. O caso do Moïse mostra o quanto esse estado é racista.



Fonte: Fonte: Jornal Extra