Polícia Civil faz operação contra milicianos que lucraram R$ 12 milhões por mês com contrabando e falsificação de cigarros


A Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM) realizou na manhã desta quinta-feira uma megaoperação contra grupos de milicianos que atuam principalmente na Zona Oeste do Rio e na Baixada Fluminense na falsificaçao e na venda de cigarros contrabandeados. Após dois meses de investigação, os policiais identificaram pelo menos 143 pontos de venda do produto ilegal. Estima-se que os criminosos tenham lucrado pelo menos R$ 12 milhões por mês nos últimos anos com a mercadoria falsa.

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A megaoperação foi batizada de “Malum Fumum” e mais de 300 policiais atuaram em diversos bairros da capital, municípios da Baixada e do interior do estado. Ao todo, duas pessoas foram presas em flagrante por desvio de material de saúde e outras 102 conduzidas à Cidade da Polícia, no Jacaré, na Zona Norte do Rio. Elas serão indiciadas por crime contra a economia popular. Após um laudo feito pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), também poderão responder por contrabando e receptação. Foram apreendidos ainda 783 mil cigarros e 40 máquinas caça-níqueis.

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Máquinas caça-níqueis apreendidas durante operação
Máquinas caça-níqueis apreendidas durante operação Foto: Fabiano Rocha / Fabiano Rocha

Segundo o delegado Maurício Demétrio Afonso Alves, titular da DRCPIM, a ação “faz parte da força-tarefa criada pela Polícia Civil para sufocar e combater o braço financeiro da milícia”. Além de busca e apreensão, todos os estabelecimentos alvos da ação serão notificados por meio das respectivas prefeituras.

— Junto à Associação de Produtores de Cigarros, identificamos que só no Rio de Janeiro há perda de R$ 480 milhões — destacou o delegado — Em alguns casos, vamos pedir a cassação do alvará do local flagrado cometendo ilicitudes.

De acordo com a investigação, grande parte dos cigarros apreendidos foi contrabandeada do Paraguai. A marca GIFT produzida legalmente no país vizinho é proibida no Brasil — só a produção nacional é liberada para venda. Cargas do produto paraguaio são trazidas ao Brasil por milicianos, que, também, passaram a vender cigarros falsificados dessa marca. Eles são produzidos, de acordo com a investigação, em fábricas no Nordeste e em Minas Gerais. Os agentes descobriram o esquema após receber denúncias da falsificação do GIFT.

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— Temos cigarros contrabandeados e outros produzidos no Brasil. Ele pode ter a imagem do GIF na embalagem, mas, muitos deles podem ter sido falsificados no Brasil. Vamos fazer uma análise desse material e o que for de origem do exterior vamos repassar para a Polícia Federal — disse Demétrio.

Para transportar os cigarros, os criminosos usam caminhões com outras cargas legais para trazer o produto de fora do estado.

— É uma organização criminosa audaciosa. O consumo desse produto no estado representa de 15 a 20% do cigarro ilegal. Eles usam o mesmo sistema que o tráfico usa para trazer drogas para o Rio: carretas disfarçadas — afirmou Maurício Demétrio.

Quatro depósitos, dois na Pavuna, um em Mesquita e outro em Nova Iguaçu foram fechados. No bairro Chatuba, em Mesquita, além de cigarros falsificados, os agentes encontraram remédios e equipamentos médicos desviados do Hospital Municipal Moacyr do Carmo, em Duque de Caxias. Uma mulher identificada como a técnica de enfermagem Emília Marina da Costa, foi detida. Segundo o delegado, ela não foi capaz de comprovar a origem do material hospitalar.

Policiais encontraram material hospitalar desviado do Hospital Municipal Moacyr do Carmo, em Duque de Caxias
Policiais encontraram material hospitalar desviado do Hospital Municipal Moacyr do Carmo, em Duque de Caxias Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

Força-tarefa contra a milícia

A operação desta quinta-feira celebra os três meses da força-tarefa da Polícia Civil contra grupos paramilitares que atuam principalmente na Zona Oeste e Baixada Fluminense. O subsecretário de Planejamento da Polícia Civil, o delegado Rodrigo Oliveira, fez um balanço dos 90 dias de ação.

— Fram 50 operações, mais de 500 milicianos presos e 22 mortos. Até agora, a milícia já tomou um baque de R$ 1 bilhão. E essa ação não tem data para terminar. O objetivo é a prisão desses milicianos e fazer com que as ações deles não sejam rentáveis — destacou Oliveira.

Ainda de acordo com o delegado, neste período, 12 políticos e candidatos a vereadores ou prefeitos que estavam atuando em benefício da milícia, foram ouvidos.

— Temos informações que candidatos beneficiados pela milícia não foram eleitos. Quem se tentou valer do domínio, não prosperou. Mas, aqueles que foram eleitos, irão responder junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) — finalizou.

Para o delegado Felipe Curi, diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), a Civil “continuará asfixiando o braço financeiro desse grupo”.

— Esse comércio clandestino movimenta R$ 144 milhões por ano à eles. Esse é mais um baque à milícia. Essa é a primeira fase da operação. Vamos continuar atuando contra esse bando.



Fonte: Fonte: Jornal Extra