Polícia Civil decide afastar temporariamente agente da Core que matou cadela na Praça da Bandeira


A Polícia Civil decidiu afastar temporariamente o agente Ney Côrtes da Silva — acusado de matar uma cadela de sete meses na tarde dessa segunda-feira na frente de seus donos — de suas funções até que o inquérito seja concluído e enviado à Justiça e que ele tenha o porte e a posse de arma suspensos. No começo da tarde desta quarta-feira, cinco advogados da Comissão de Defesa dos Animais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) peticionaram na 18ª DP (Praça da Bandeira) pelo afastamento do policial, lotado na Coordenadoria de Recursos Especiais (Core).

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Com os colegas, Ney tem dito que só queria se defender dos cachorros que avançaram sobre ele. O policial confirmou em depoimento que atirou no animal após temer ser mordido. A cadela, de nome Malu, estava com os donos durante um treino circense numa praça pública, próxima à casa do agente.

Segundo a Polícia Civil, a corporação “não compactua com esse tipo de atitude” e o agente só voltará às suas funções quando tudo for esclarecido.

Ney Côrtes da Silva, policial afastado após matar a cadela Malu
Ney Côrtes da Silva, policial afastado após matar a cadela Malu Foto: Reprodução

Na petição, de três páginas, feita na tarde desta quarta na 18ª DP, a qual o EXTRA teve acesso, os advogados Luiz Carlos Cavalcanti Azenha e Leandro Rodrigo Menezes P. Tavares, designados pela OAB, salientam que “a arma do agente seja apreendida até mesmo para eventuais perícias” e para “evitar que ele cometa outros eventos dessa natureza”. A comissão trata a morte da cadela como “gravíssima”.

Os advogados salientam também que Ney precisa ser afastado.

— Vamos acompanhar esse inquérito junto à delegacia e também no Ministério Público estadual. Há de se preservar a Polícia Civil, mas a conduta desse indivíduo tem que ser punida com todo rigor, se não a população não vai acreditar mais nas leis do Brasil — diz o presidente da Comissão no Rio, o advogado Reinaldo Velloso, que completa:

— Esse tipo de crime é repugnante e ninguém mais suporta.

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Flávio de Melo Fahur, advogado da Comissão que também esteve na delegacia, diz que na nova Lei de Crimes Ambientais a pena é superior a cinco anos de cadeia. E neste caso, que houve a morte, existe um agravante.

— Tem uma legislação protetiva e um agente da entidade como a Polícia Civil deveria dar o exemplo. A Lei de Crimes Ambientais, a 9.605 de 1998, foi alterada pela lei 14.064 de 2020 e aumenta de dois para cinco anos de prisão se o animal morre. Então, passa-se do Jecrim para a Vara Criminal porque o crime é superior a dois anos. Além disso, pode ter um agravante porque a cadela foi morta.

O agente da Core afirmou que atirou no animal após temer ser mordido. A cadelinha, de nome Malu, estava com os donos durante um treino circense. Em entrevista ao EXTRA, o artista circense colombiano Fabian Sanchez, de 22 anos, e a malabarista Mayumi Boletlho Bataches Rodriguez, de 21, negaram que tenha havido um motivo para que o agente matasse o animal.

O EXTRA tentou contato com a defesa do policial, sem sucesso. Por sua vez, a Corregedoria Interna da Polícia Civil disse que investiga o caso com “rigor”. O delegado Moyses Santana, titular da 18ª DP, tem evitado comentar sobre o caso.

Core faz homenagem para cachorro

No dia seguinte ao assassinato da cadela Malu, o perfil da Polícia Civil numa rede social postou uma foto em que um cachorro aparece ao lado de um policial da Core, mesma unidade que Ney. O texto dizia: “No #DiaDoAmigo, a homenagem vai para a parceria e cumplicidade do binômio Enzo Freitas e Adrana. O oficial de cartório e a Pastor Belga Malinois são da Seção de Operações com Cães da #CORE”, diz a postagem que ao fundo aparece a Cidade da Polícia, no Jacaré. E o texto continua:

“A #amizade entre eles já dura 4 anos. A dupla se conheceu em um curso operacional na Colômbia. E, logo depois, ela veio trabalhar com o nosso policial em prol da população fluminense”.



Fonte: Fonte: Jornal Extra