PMs que agrediram jovem negro em shopping do Rio são denunciados por racismo pelo MPRJ


Os policiais militares Gabriel Guimarães Sá Izaú e Diego Alves da Silva foram denunciados, nesta quarta-feira, pelo Ministério Público do Rio (MPRJ), acusados de praticarem preconceito racial contra o jovem negro Matheus Fernandes Correia, acusado injustamente de furto, imobilizado e agredido no último dia 6 de agosto, no Shopping Ilha Plaza, na Ilha do Governador, Zona Norte. Em agosto, a Polícia Civil já havia informado que a dupla seria indiciada por racismo e abuso de autoridade.

Na denúncia, os promotores destacam que os PMs, que trabalhavam como seguranças no shopping, desconfiaram que Matheus, que é negro e tentava trocar um relógio em uma loja de departamentos, teria furtado o objeto, abordando-o de forma truculenta. Após forçarem Matheus a sair da loja, os denunciados o levaram para uma escada e o derrubaram, imobilizando-o e apontando uma arma de fogo na direção de sua cabeça.

O texto relata também que a vítima passou a ser observada pelos denunciados porque segurava o relógio nas mãos que seria trocado e, por ser negra, os PMs desconfiaram que ela teria furtado o bem. Após a abordagem agressiva, Gabriel derrubou Matheus no chão, enquanto Diego ajudou na imobilização e deu cobertura, evitando que testemunhas se aproximassem. Porém, com o aumento do número de pessoas se aglomerando em torno da escada onde ocorriam as agressões, os denunciados soltaram a vítima, cessando a ação preconceituosa e arbitrária.

A denúncia leva em consideração ainda a inconsistência na versão apresentada pelos policiais. Na delegacia, narram os promotores, eles alegaram que haviam encerrado o expediente no dia do fato quando viram a vítima com um boné que fazia menção a um dos antigos líderes do tráfico de drogas no Morro do Dendê. Disseram também que teriam notado um volume na cintura de Matheus, que parecia ser uma arma de fogo, razão pela qual o abordaram, mas negaram que estivessem armados e que agrediram a vítima, acrescentando terem sido xingados por ela, versão desmentida pelas filmagens e por testemunhas. Um vigilante do shopping, que compareceu à escada de incêndio e indagou aos denunciados sobre o ocorrido, contou à polícia que eles lhe informaram que estavam verificando se a vítima tinha cometido um furto, não mencionando nada a respeito da possível arma de fogo e do boné suspeito.

O ação, movida pela 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Territorial da área Ilha do Governador e Bonsucesso do Núcleo da Capital, por fim, pede que os denunciados respondam pelo crime de racismo, previsto no artigo 20 da Lei 7.716/89 e que prevê pena de reclusão de um a três anos.

O Ilha Plaza enviou uma nota, onde esclarece que desde o primeiro momento cancelou o contrato com a empresa prestadora de consultoria em segurança por entender que houve quebra de protocolo e violação das regras firmadas e vem colaborando com as investigações e acompanhando os desdobramentos do caso. Reforça ainda que repudia veementemente qualquer ato discriminatório e de violência e adotou medidas para contribuir com a luta antirracista, entre elas a criação de um Comitê Consultivo de Diversidade.



Fonte: Fonte: Jornal Extra