Pingente com lema de facção do traficante Johny Bravo é vendido pela web


Embora o chefe do tráfico na Rocinha, John Wallace da Silva Viana, conhecido como Johny Bravo, não aprove a divulgação da sua imagem na web, uma de suas únicas fotos obtidas pela polícia mostra que ele é adepto ao estilo de usar joias para indicar a qual facção pertence. Vestido de preto, ele aparece usando um grande pingente de ouro e anéis que formam o nome Rogério 157 — o traficante Rogério Avelino da Silva, preso em 2018 e condenado a 32 anos de prisão. Ainda que o cordão usado por Bravo seja um item característico dos chefes, o emblema com um lema da facção, “Jesus é o dono do lugar”, é facilmente encontrado em sites de e-commerce, joalherias e em páginas de redes sociais.

Johny Bravo, de preto, posa para foto com bando armado
Johny Bravo, de preto, posa para foto com bando armado

O próprio 157 já manifestava apreço pelo slogan e aparece usando o colar em fotos. Normalmente, a frase é posta dentro de um coração envolto por ramos sobre o qual fica uma coroa, tudo dourado. Seja com uma corrente de ouro grossa, fina ou apenas o pingente, este item é vendido por preços variados na internet, podendo custar entre R$ 120 e R$ 500, dependendo também do tamanho, que pode ir de 6 cm a 70 cm. Em alguns sites, é possível dividir o valor do produto em até 12 vezes sem juros. Já os anéis são vendidos geralmente sem uma grafia, deixando a gosto do cliente como personalizár-los.

Rogério 157: traficante gosta de esbanjar joias
Rogério 157: traficante gosta de esbanjar joias Foto: Reprodução

Outra imagem de joia que circula nas redes, ainda que não mostre o rosto de alguém, é de um pingente escrito “Bravo”, com uma coroa em cima do nome, que faria referência ao chefe do tráfico na Rocinha. A imagem dessa peça ilustra vídeos no YouTube de um funk cuja letra diz “vai engolir bala se tentar pegar o Bravo”. No título da postagem, há ainda a identificação a que quadrilha a música se refere.

Pingente 'Bravo' usado em post de facção no Rio
Pingente ‘Bravo’ usado em post de facção no Rio Foto: Reprodução

Quanto ao antigo chefe, mesmo após ser levado para a penitenciária federal de Porto Velho, em Rondônia, 157 continuou comandando o tráfico de drogas na Rocinha. Entre suas ordens esteve a destituição do poder de José Carlos de Souza Silva, o Gênio, por causa da forma como tratava a população, segundo fontes. No lugar, colocou Johnny Bravo e Leandro Pereira da Rocha, o Bambu, acusado de ser o pivô da morte do soldado Filipe Santos de Mesquita em 22 de março de 2018.

Também há uma imagem de pingente que seria relacionada ao Gênio, por representar o personagem azul e mágico do desenho da Disney “Aladdin”. No entanto, esta peça já não aparece com tanta frequência nos mesmos canais de venda.

Nesta semana, com a divulgação de traficantes escoltando Johny Bravo, um perfil em rede social supostamente atualizado pela facção postou uma ameaça ao autor do vídeo. Segundo a Polícia Militar,os bandidos filmados portavam pelo menos 22 fuzis. A PM explicou que a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha atua dentro de seus limites operacionais.

“A assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar esclarece que a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Rocinha segue atuando considerando os nossos limites operacionais e avaliando possíveis riscos para a vida humana. As ações de patrulhamento, inclusive com baseamentos em pontos estratégicos, estão capilarizadas pela comunidade localizada na Zona Sul do Rio. Uma avaliação a respeito da ostensividade precisa refletir também sobre aspectos como a extensão territorial e a densidade demográfica da Rocinha — a maior comunidade em termos populacionais e uma das maiores em área geográfica no Estado do Rio. Cabe esclarecer ainda que intervenções policiais diante de situações criminosas são pautadas pelo planejamento, incluindo a análise dos potenciais riscos envolvidos. A Polícia Militar segue protocolos de atuação e, dentre as orientações, está a preocupação central de preservar vidas – da população local, de policiais militares envolvidos na ação e demais pessoas que circulam nestas regiões”, disse a PM por meio de nota.

Já a Polícia Civil disse que há, através da 11ª DP (Rocinha), “uma investigação em curso acerca da quadrilha que comanda o tráfico de drogas na região”.



Fonte: Fonte: Jornal Extra