Pai de menino diz esperar que Justiça negue liberdade a Jairinho


O engenheiro Leniel Borel de Almeida, pai de Henry Borel Medeiros, se manifestou sobre o habeas corpus impetrado pelo médico e ex-vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, distribuído, na noite desta sexta-feira, dia 27, aos desembargadores da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio. No pedido, o advogado Braz Sant’Anna, que o representa, alega que os fundamentos da prisão preventiva “não se revelam idôneos” pra a escorar, e requer a liberdade ou a substituição por medida cautelar menos gravosa. Ele está preso desde 8 de abril na Cadeia Pública Pedrolino Oliveira, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, acusado pelos crimes de tortura e homicídio qualificado contra o menino, filho de sua então namorada, Monique Medeiros da Costa e Silva, e ainda fraude processual e coação no curso do processo.

— Fui surpreendido com a notícia da impetração do habeas corpus. Como assistente de acusação e acompanhando diariamente o andamento do processo, sei que, desde a decretação da prisão preventiva de Jairo e Monique, não houve nenhum fato novo que justificasse a liberdade dos dois. Meu filhinho foi brutalmente assassinado há cinco meses e eles continuam ocultando friamente o que houve naquela madrugada. Acredito na Justiça e tenho certeza que haverá a negação a esse pedido de soltura — afirma o engenheiro.

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No documento, ao qual o EXTRA teve acesso, Jairinho se apresenta dizendo que concluiu o curso de Medicina por ter “preocupação com a precária assistência de saúde, vista como incapaz de oferecer uma atenção minimamente digna à população carente” e para ter a “possibilidade de contribuir de forma mais eficaz e abrangente para a mitigação deste problema social”. Ainda em 2004, no ano de sua colação de grau, ele conta que “obteve o primeiro mandato eletivo, sucedido por mais quatro legislaturas consecutivas para a Câmara Municipal da Cidade do Rio de Janeiro”, trajetória que somente foi interrompida pela cassação do seu mandato, “apesar de sua inquestionável ilegalidade”.

Monique Medeiros, a mãe de Henry, e Jairinho, padrasto do menino: ambos foram indiciados por crime de homicídio duplamente qualificado
Monique Medeiros, a mãe de Henry, e Jairinho, padrasto do menino: ambos foram indiciados por crime de homicídio duplamente qualificado Foto: Reprodução

Jairinho afirma que se destacou como “um dos políticos mais atuantes, tendo sido autor de diversos projetos de leis na área da saúde e da educação infantil” e ocupado “relevantes cargos na estrutura organizacional da Casa Legislativa, líder dos governos dos Prefeitos Eduardo Paes e Marcelo Crivella, além de haver integrado as mais importantes Comissões, dentre as quais a Comissão de Constituição e Justiça, por ele presidida até o dia de sua prisão”.

“Este é o verdadeiro Jairo Junior que figura como paciente neste habeas corpus, o avesso daquele que foi forjado na investigação policial e na narrativa ministerial com o propósito de tornar o clamor público o mais poderoso aliado da acusação”, define a defesa, que diz não haver espaço para descrever as inúmeras virtudes do ex-vereador, “pessoa carismática, sincera, amiga, que jamais deixou de ouvir e de estender as mãos a todos que o procuravam nos momentos de infortúnios”.

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No documento, Braz Sant’Anna rebate as acusações feitas pelo Ministério Público, como a de que Jairinho induziu ou coagiu testemunhas que prestaram depoimentos na 16ª DP (Barra da Tijuca) durante as investigações, e afirma que, com a cassação de seu mandato, “não mais persiste o esdrúxulo argumento de sua influência política e a possibilidade de eventual interferência na escorreita produção da prova em juízo”. O advogado ainda refuta a ideia de que o ex-vereador estaria preocupado de ser localizado, como os investigadores acreditaram ao rastrear conversas entre eles e Monique por meio do Instagram. O fato de a prisão do casal ter ocorrido na casa da tia-avó dele, em Bangu, é justificado pela intenção de afastamento temporário do assédio dos jornalistas, “que literalmente montaram acampamento em frente à residência de seus pais, situação extremamente constrangedora, que atormentava a ele e a todos os seus familiares”.

Braz Sant’Anna argumenta que Jairinho possui domicílio fixo em Bangu, onde reside toda a sua família, e que foram principalmente os moradores do bairro que o elegeram por cinco legislaturas, sendo o local o que ele pretende continuar morando e exercendo sua profissão de médico, que não chegou a ser iniciada por haver ele optado pela carreira política. No fim, o advogado destaca que o “clamor público” e a “intranquilidade social” detêm a “potencialidade de influir negativamente no mais justo dos julgadores, e, via de regra, se constituem em elementos estranhos aos princípios basilares do devido processo legal, notadamente a presunção de inocência, a imparcialidade, e o dever de fundamentação idônea”, sugerindo que isso tenha sido “ofuscado por conceitos vagos e indeterminados, estranhos à atividade judicante consentânea com o Estado Democrático de Direito” na ocasião da decretação preventiva de Jairinho pela juíza Elizabeth Machado Louro, titular do II Tribunal do Júri.



Fonte: Fonte: Jornal Extra