Padaria onde quatro homens foram mortos, na Zona Oeste, foi identificada em investigação como ‘ponto de encontro da milícia’

A padaria onde quatro homens foram mortos, na noite da última terça-feira, na Araticum, no Anil, na Zona Oeste do Rio, foi identificada em investigação da Polícia Civil como “ponto de encontro de membros da milícia” da região. Como o EXTRA revelou ontem, a Delegacia de Homicídios da capital (DHC) apura se as execuções foram causadas por um ataque de traficantes a paramilitares que atuam no bairro. Duas vítimas – Givaldo Tavares de Oliveira, conhecido como Paulinho Banguela, de 53 anos, e Hélio de Paula Ferreira, o Senhor das Armas, de 56 – são suspeitos de integrarem o primeiro escalão do grupo paramilitar.

Em inquérito da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco), de 2017, a padaria foi apontada por uma testemunha-chave como um dos locais onde os milicianos da região se encontravam. A mesma testemunha apontou Paulinho Banguela como um dos chefes do grupo.

No ataque de terça-feira, segundo informações da polícia, as vítimas foram baleadas por homens que passaram pelo local em um carro. Os tiros foram disparados no momento em que os suspeitos de fazerem parte da milícia assistiam ao jogo do Flamengo na padaria. Além de Givaldo e Hélio, foram mortos Eriberto José de Arruda, de 31 anos, e Jorge Fernando Lima Alexandre Rocha, de 27. Luís Felipe Silva Moura, de 26, também foi baleado e está internado no hospital municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca.

A DHC apura se o episódio é mais um capítulo das disputas por territórios entre milicianos e traficantes na Zona Oeste do Rio.

Indicação do local de encontro da milícia em inquérito da Draco
Indicação do local de encontro da milícia em inquérito da Draco Foto: Reprodução

Na investigação de 2017 da Draco, Paulinho Banguela foi apontado como um dos chefes da milícia do Anil, em atuação principalmente na rua Araticum, onde ocorreu o ataque, e Estrada do Quitite. Segundo informações do inquérito, outros membros da quadrilha prestavam contas a Paulinho, que andava armado para ameaçar e constranger moradores e comerciantes da região. Ele foi absolvido no processo, por falta de provas, mas o Ministério Público recorre da sentença alegando haver provas sobre o envolvimento dele na quadrilha.

As investigações apontam que a milícia da região possuía relação com o grupo que domina Rio das Pedras, no Itanhangá, também na Zona Oeste.

Hélio de Paula Ferreira e Givaldo Tavares de Oliveira
Hélio de Paula Ferreira e Givaldo Tavares de Oliveira

Já Hélio de Paula tinha sido condenado em dois processos criminais. No mais recente, em julho de 2011, ele foi flagrado no ponto final das vans da Estrada do Camorim, em Curicica, na Zona Oeste, local também dominado por milicianos. Na ocasião, o homem chegou a afirmar para os agentes que o abordaram, durante sua prisão, que era segurança da milícia de Rio das Pedras. Com ele e um comparsa foram encontradas armas, acessórios de armamentos e munição. Nesse processo, Hélio foi condenado a três anos de reclusão.

Já em outro processo, de 2008, Hélio foi condenado a nove anos de prisão, acusado de ser “armeiro” de traficantes da maior facção criminosa do Rio. A Polícia Civil o encontrou em uma oficina de armas em Jacarepaguá, onde havia um verdadeiro arsenal.Um dos mortos na tarde dessa terça-feira, Jorge Fernando, era foragido da Justiça. Contra ele havia um mandado de prisão pelo crime de roubo. O homem tinha sido condenado a seis anos e oito meses de prisão por dois assaltos ocorridos em 2018, na Baixada Fluminense. Jorge Fernando, Givaldo e Eriberto morreram no local. Já Hélio de Paula chegou a ser levado para o hospital municipal LOurenço Jorge, mas não resistiu.

Fonte: Fonte: Jornal Extra