A Polícia Federal (PF) e o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado, do Ministério Público do estado (Gaeco), deflagraram na manhã desta quinta-feira uma operação contra um grupo de criminosos ligados a bicheiros que impõem o monopólio na venda de cigarros em vários pontos do estado. São ao todo 34 mandados de prisão e 75 de busca e apreensão expedidos pela 1ª Vara Criminal Especializada do Tribunal de Justiça do Rio. Entre os alvos estão Adilson Coutinho de Oliveira Filho, o Adilsinho, e Cláudio Coutinho de Oliveira, irmãos e primos do bicheiro Hélio Ribeiro de Oliveira, o Helinho, presidente de honra da Grande Rio. De acordo com as investigações, Adilsinho e Cláudio são lideres do bando criminoso e tratavam o esquema como “a banca da Grande Rio”, que segundo as investigações, demonstra ligação com a escola de samba. Procurada pela reportagem, a direção da Grande Rio disse que “não vai comentar o ocorrido”.
Até as 9h, dois homens haviam sido presos — um deles é PM. Adilsinho e Cláudio não foram encontrados em casa, em prédios na praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, e são considerados foragidos.
Segundo as investigações, o grupo compra os maços da Companhia Sulamericana de Tabacos, fábrica na Baixada Fluminense, e obriga pequenos e médios comerciantes em praticamente todo o Rio a vender apenas a marca da quadrilha. Investigadores identificaram que os cigarros eram fabricados em Duque de Caxias, que eram levados em caminhões para centros de distribuição em Campos, no Norte Fluminense, e no Rio. Lá, os cigarros são repassados aos operadores, responsáveis pela entrega aos comerciantes finais. Os preços dos cigarros são tabelados e os empresários acabam proibidos de venderam outras marcas. Caso eles descumprissem as ordens, seus comércios eram roubados. Quem não vendia os cigarros do grupo passou a vendê-los.
De acordo com as investigações, o rendimento mensal do grupo é estimado em R$ 1,5 milhão. Até hoje o grupo já teria movimentado mais de R$ 45 milhões. Além do esquema de cigarro, o grupo teria ligação com o jogo do bicho e máquinas caça-níquel. Os alvos responderão por organização criminosa, extorsão, roubo, corrupção, lavagem de dinheiro e crimes tributários.
Policiais militares e civis envolvidos
De acordo com os promotores, “a organização criminosa se utiliza de fiscais e seguranças para ameaçarem comerciantes que vendem marcas que não aquelas da quadrilha, bem como aqueles que compram cigarros de pessoas não ligadas ao grupo criminoso e/ou descumprem o tabelamento de preços”. Policiais civis e militares são investigados no esquema criminoso.
Aqueles comerciantes que, nas áreas de influência do bando, optam por vender cigarros diversos daqueles comercializados pelos denunciados, têm suas mercadorias “apreendidas”, além de serem ameçados. Segundo a denúncia, tal “apreensão”, em termos práticos, corresponde a um roubo, pois integrantes do bando levam, mediante grave ameaça, os cigarros dos comerciantes.
Para arrecadar ainda mais, o grupo se aliou a milicianos e traficantes para ameaçarem as vítimas, segundo a investigação.
Atualmente eles atuam em bairros da Zona Oeste, Norte e Ilha do Governador. Além de Campos, Duque de Caxias, Macaé, Magé, Niterói, Nova Friburgo, Nova Iguaçu, Paty De Alfares, Rio Bonito e São Gonçalo.
Fonte: Fonte: Jornal Extra