ONG Rio da Paz instala placas pelas mortes de meninas e policiais mortos em protesto na Lagoa


A ONG Rio de Paz instalou placas com os nomes das três meninas mortas por bala perdida e dos três policiais militares mortos, entre o fim de 2020 e o começo de 2021, como forma de manifestação na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul do Rio, nesta quarta-feira, dia 6. As identidades bem como suas idades e os locais onde cada assassinato aconteceu foram grafados nos moldes, acrescentados no memorial que homenageia as vítimas da violência no Estado do Rio. Entre as placas, estava a da menina Alice Pamplona da Silva de Souza, de 5 anos, morta por bala perdida na madrugada de 1º de janeiro no Morro do Turano, no Rio Comprido.

No painel, que já tem 40 placas instaladas, os nomes das primas Emily Victoria, de 4 anos, e Rebecca, de 7 anos, vítimas de bala perdida em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, também foram acrescentados. No dia 4 de dezembro de 2020, elas foram baleadas quando brincavam na porta de casa. Segundo a ONG Rio de Paz, desde 2007, 79 crianças entre zero e 14 anos foram assassinadas por bala perdida no Estado.

— Acrescentar novas placas é sempre algo que nos fere, porque mobilizamos um protesto em favor das famílias. De certa forma, queremos pressionar o Poder Público pela nossa segurança. Desde 2007, nós acompanhamos os casos de crianças mortas por armas de fogo. Nesses 13 anos, poucas mudanças aconteceram. Isso desola, entristece e causa indignação — diz o coordenador da ONG, Lucas Louback.

Placa da menina Alice Pamplona da Silva de Souza, de 5 anos, morta no Morro do Turano
Placa da menina Alice Pamplona da Silva de Souza, de 5 anos, morta no Morro do Turano Foto: Fabiano Rocha / Extra

O coordenador da ONG explica que a intenção de manter um memorial na Zona Sul da cidade, onde a situação econômica é melhor, é justamente para mostrar que as vítimas estão localizadas em regiões vulneráveis.

— A sociedade tem que encarar isso: as vítimas são moradores de áreas pobres. Por isso, fizemos questão de inserir o protesto na área nobre. O que assola nesse quadro é perceber o recorte do público que morre: a maioria são crianças, moradoras de favelas e negras. isso nos desola, nos pede para nos movermos e tentarmos parar com essas mortes. Manter a memória delas na cidade e continuar pressionando o Poder Público para exigir estratégias e melhorar a segurança. Há muito despreparo e desqualificação dos agentes — diz.

Policiais mortos são lembrados

No mural, que começou a ser montado em 2015 após a morte do médico Jaime Gold, que foi esfaqueado e morreu após um assalto, os PMs Derinalto Cardoso dos Santos, Douglas Constantino Barbosa e David da Silva Santos também foram homenageados.

Placa com o nome do PM Derinalto Cardoso dos Santos é instalada no memorial
Placa com o nome do PM Derinalto Cardoso dos Santos é instalada no memorial Foto: Fabiano Rocha / Extra

O PM Derinalto foi morto em 5 de dezembro, ao tentar impedir um assalto em Mesquita, na Baixada Fluminense. Já os policiais Douglas e Davi foram mortos no dia seguinte, também na Baixada. Douglas foi assassinado num bar em Nova Iguaçu e David foi encontrado morto em Belford Roxo, depois que assaltantes tentaram roubar o carro dele.

— O policial também está diante desse sistema bélico. Estimulados pela violência, estão nesse confronto, mesmo com despreparo, e morrem exercendo a profissão. Também precisam de dignidade a qualquer cidadão e precisam ser lembrados, reconhecidos, principalmente para lembrar o Poder Público das condições que oferecem aos agentes públicos — diz Louback.



Fonte: Fonte: Jornal Extra