‘odeio preto, tenho nojo’; polícia investiga


Capturas de tela de uma conversa no WhatsApp marcada por ofensas racistas viralizaram entre moradores do município de Campo Belo (MG) na última semana, a ponto de uma multidão ter se reunido na porta da casa da acusada para realizar uma manifestação. Vídeos do protesto, registrados na última quinta-feira, dia 4, também circulam nas redes sociais. É possível escutar gritos chamando a dona do imóvel de “racista”, assim como uma salva de palmas enquanto uma viatura da Polícia Militar de Minas Gerais deixava o local, conduzindo a autora das mensagens, de 62 anos, para a delegacia.

Um dos organizadores da manifestação enviou ao EXTRA áudios e prints do conteúdo enviado pela mulher através do WhatsApp, em que ela afirma, por exemplo, sentir “nojo” de pessoas pretas.

“Eu odeio preto, tenho nojo”, afirma num dos áudios, em meio a mensagens por escrito, em que diz: “Ela acha que eu vou querer esse macaco dela, tá com ciúme desse tição. Quero nem pra escravo, que nojo”, seguido por “Eu mudei, morar em em bairro de preto tem como não Não gosto dessa cor de bosta de jeito nenhum (sic)”, escreveu mais adiante na conversa. “Já viu a cor daquela macacada? Cor de bosta. Pensa num lugar que tem neguinha fedendo bunda. Umas neguinha da bunda fedorenta credo que nojo (sic)”, completou.

Em outro áudio, afirma: “esse tipinho só dá trabalho, cor de bosta”, seguido por “Deus me livre desse bicho, desse urubu”.

A mulher conta, ainda, já ter sido processada por injúria racial, mas se gabou por não ter sido penalizada.

“Não gosto de preto, você acredita? Fui processada por injúria racial, fui processada e não deu bosta nenhuma”, comenta.

Moradores de Campo Belo (MG) fizeram manifestação após mensagens racistas viralizarem
Moradores de Campo Belo (MG) fizeram manifestação após mensagens racistas viralizarem Foto: Reprodução

Segundo o delegado Alessandro Gambogi, responsável pela investigação, a própria suspeita teria acionado a PMMG, alegando que os manifestantes teriam tentado invadir sua residência.

De acordo com a PM, havia cerca de 100 pessoas na manifestação da última quinta-feira, que resultou em alguns vidros de janela quebrados por pedras jogadas na casa da suspeita. Ela própria teria sido atingida por algumas, na perna e na cabeça.

Aos militares, a autora relatou que havia conhecido um homem a quem enviou as referidas mensagens estando sob efeito de medicação controlada. Ela alegou ter sido “induzida por ele” a gravar as ofensas.

Na delegacia, a mulher confessou a autoria dos áudios e textos, datados de 1º de março, que indignaram a população. Um inquério policial foi aberto para apurar o caso, que envolve ainda o interloculor com quem ela conversava. Gambogi informou que o destinatário ainda não foi identificado, mas as investigações estão avançadas.

— Creio que até amanhã consigamos identificar — disse o delegado. — O inquérito policial foi aberto para apuração desses fatos, encaminhamento desses áudios e documentos para perícia. Em primeiro momento, ainda que pese a suspeita ter confessado a autoria dos áudios, a gente tem que finalizar essas perícias e também descobrir quais foram as circunstâncias em que eles foram emitidos.



Fonte: Fonte: Jornal Extra