‘Não tenho dúvidas de que ele foi assassinado’, diz delegada sobre morte de marido de cônsul alemão

Para a delegada titular da 14ª DP (Leblon), Daniela Terra, não há dúvidas de que o belga Walter Henri Maximillen Biot foi assassinado. O marido dele, o cônsul alemão Uwe Herbert Hahn, alegou que a morte teria acontecido em decorrência de uma queda ao sofrer um mal súbito. Em laudo de exame de local concluído nesta terça-feira (30), profissionais do Instituto de Criminalística Carlos Éboli atestaram que “o conjunto de lesões da vítima, descrito nos laudos do IML supramencionados, não é compatível apenas com queda frontal da própria altura”.

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A delegada chega a citar “situação de tortura” dada a quantidade de lesões, que, segundo a perícia, podem ter sido causadas também por elementos externos. O laudo aponta que foram encontradas manchas de sangue não só no local onde o corpo estava, como em outros cômodos do apartamento em Ipanema.

— O perito foi claro em afirmar que o estado do corpo, as lesões colocadas, eram feitas por uma pessoa e por elementos externos. Não tenho dúvidas de que ele foi assassinado — diz Daniela Terra, delegada titular da 14ª DP (Leblon).

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O bastão de madeira, com 1,60 m de comprimento, encontrado no apartamento
O bastão de madeira, com 1,60 m de comprimento, encontrado no apartamento Foto: Reprodução

Por meio de mensagens num aplicativo, Walter enviou para o irmão, também belga, uma foto de seu rosto com equimose no queixo no qual escreveu: “É o inferno aqui com Uwe”, referindo-se ao marido, cônsul da Alemanha. Walter prometeu que procuraria a polícia. O familiar então o incentiva: “Não se preocupe. Tenha coragem”. O material foi repassado para um amigo do belga, um comerciante espanhol que tem uma barraca nas areias da Praia de Ipanema.

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— Nós acreditamos que foi uma situação de tortura. Ele era dependente economicamente do cônsul. Por isso, tinha uma relação de fragilidade. Mas ele tinha ganhado uma herança da família há pouco tempo da família e estava se mostrando um pouco mais independente e isso foi tornando o Uwe mais agressivo — salientou a delegada.

Visão do piso da sala de estar, após aplicação do Luminol, revendo a mancha latente, não visível, abaixo do tapete pequeno.
Visão do piso da sala de estar, após aplicação do Luminol, revendo a mancha latente, não visível, abaixo do tapete pequeno. Foto: Reprodução

A perícia também recolheu no local vestígios que podem ajudar na apuração do que de fato aconteceu no apartamento do casal na noite de 5 de agosto. Foram periciados, entre outros, um comprimido, um bastão, localizado no canto da sala, próximo à varanda; um chicote que estava na suíte master; uma camiseta regata, uma bermuda amarela e uma camisa polo de manga curta azul escura, além de duas fronhas de travesseiro. O laudo destaca “o resultado positivo para sangue humano nos exames do chicote, bastão, bermuda, fronhas e camiseta regata”.

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— Nesse dia não bateu um pouquinho. Foi uma tortura. Acredito que ele tenha feito uso de bebida alcoólica porque estava deprimido, mas nada justifica. Ele já deveria estar sem forças por estar debilitado e foi aí que ele bateu mais.

Três semanas após ser preso pela morte do marido, o cônsul alemão deixou o Brasil rumo à Alemanha. Ele chegou ao seu país nesta segunda-feira (29) depois do Tribunal de Justiça do Rio relaxar a prisão do diplomata por considerar que havia demora na denúncia do Ministério Público. Uma nova decisão da Justiça decretou sua prisão preventiva e o envio do nome do cônsul à Interpol.

Fonte: Fonte: Jornal Extra