‘Não preciso mais mentir para proteger alguém que desconheço quem seja’, diz Monique sobre Jairinho


Após 85 dias dentro de uma cela de oito metros quadrados no Instituto Penal Ismael Sirieiro, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, Monique Medeiros da Costa e Silva não exibe mais megahair no cabelo e unhas de acrigel nem ostenta mais roupas e bolsas de grife. Presa preventivamente pela morte do filho, Henry Borel Medeiros, de 4 anos, ela diz acordar às 7h30, usufruir de quatro blusas e duas camisas da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), e manter a rotina de leitura e escrita. Nos últimos dias, tem se debruçado em um livro em que narra o relacionamento abusivo que diz ter vivido com o médico e ex-vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho. Sobre ele, que também é réu pelo crime, a professora diz não “conhecê-lo”.

– Hoje eu não preciso mais mentir para proteger alguém que eu desconheço. Eu não sei mais quem ele é, não o conheço mais – contou, em entrevista exclusiva ao EXTRA.

Monique deu entrevista de dentro da cadeia
Monique deu entrevista de dentro da cadeia Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo

Durante aproximadamente duas horas, Monique narrou em detalhes o casamento com Leniel Borel de Almeida, o nascimento de Henry e os desgastes da relação do casal – segundo ela, provocados, sobretudo, pela distância do trabalho do engenheiro, no Espírito Santo. Com o início da pandemia do coronavírus, a família se juntou novamente, em uma cobertura no Recreio, mas ela decidiu pedir o divórcio, em setembro do ano passado.

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– Ele fazia 12, 15 reuniões por dia no home office e passamos a não nos falar mais, não cruzar olhares, não ter mais intimidade dentro da mesma casa. No início, resisti muito a me separar, minha família não queria isso, meus pais estão juntos há 36 anos, mas acabei não aguentando e entrando para as estatísticas.

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Em julho, Monique diz ter conhecido Jairinho nas redes sociais. Na tarde de 31 de agosto, eles marcaram um almoço, em um restaurante no Shopping Village Mall, na Barra da Tijuca. Em dois dias, o ex-vereador já apresentava a professora como namorada e, em janeiro, eles foram morar com Henry em um apartamento no Condomínio Majestic, no Cidade Jardim. Agora, ela afirma que a partir daquela ocasião passara a sofrer sessões de violência psicológica por parte do então companheiro, o lhe deixou “cega”.

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– O Jairinho me proporcionou, sim, uma vida melhor. Mas tudo que eu fiz foi pensando também no Henry. Matriculei ele em um colégio melhor, coloquei ele no (turno) integral e em outras atividades e escolhi um prédio que tinha brinquedoteca, piscinas grandes, campo de futebol. Cumpri minhas responsabilidades como mãe. Tenho certeza que fui a melhor mãe que o Henry poderia ter tido. Eu realmente não sabia (das agressões de Jairinho) e o único arrependimento que tenho é de não ter podido prever que ele poderia fazer mal ao amor da minha vida.



Fonte: Fonte: Jornal Extra