Mulher é morta por bala perdida durante perseguição de PMs a suspeitos, perto da Praça da Apoteose


Uma mulher morreu após ser atingida por uma bala perdida na região central do Rio, na noite desta quinta-feira. Lady Ane Paulina, de 34 anos, estava com a namorada fechando o trailer na Rua Frei Caneca, perto da Praça da Apoteose, em que as duas vendiam churrasquinho quando foi atingida por um tiro na cabeça durante uma perseguição de PMs a um carro onde havia suspeitos.

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Na mesma ação, um homem identificado como Nilton, que estava no Túnel Martim de Sá, também foi baleado e levado para o Hospital municipal Souza Aguiar, no Centro. Outra pessoa foi ferida na Rua Catumbi e encaminhada para a mesma unidade de saúde. Um suspeito baleado também seguiu para o Souza Aguiar, onde permanece sob custódia.

Nilton e o suspeito ferido passaram por cirurgias e estão na recuperação. Ainda não há informações sobre o estado de saúde do terceiro baleado.

O trêiler onde Lady Ane estava com a namorada
O trêiler onde Lady Ane estava com a namorada Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

A Polícia Militar informou, em nota, que a perseguição começou após uma equipe do 4º BPM (São Cristóvão) que estava fazendo um patrulhamento pelo Estácio quando viu um carro vermelho transitando em atitude suspeita. Os PMs tentaram abordar o veículo, e o motorista atirou contra os policiais, que reagiram. A perseguição se estendeu até a Rua Frei Caneca, onde houve novo confronto.

O carro foi alcançado no Túnel Martim de Sá. Lá, uma equipe do 5º BPM (Praça da Harmonia) encontrou o motorista ferido e, de acordo com a PM, encontrou com ele uma pistola, um carregador, munição e um telefone.

Lady Ane foi encontrada já morta. O local onde ela foi baleada foi periciado por policiais da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). A PM informou que “um procedimento apuratório será instaurado para averiguar as circunstâncias da ocorrência, como é de praxe nas situações envolvendo morte ou feridos”.

Segundo a Polícia Civil, agentes da DHC fazem diligências para localizar testemunhas e imagens de câmeras de vigilância que ajudem a identificar os demais envolvidos no tiroteio. Com relação ao suspeito baleado, a corporação esclareceu que ele, mesmo hospitalizado, foi autuado em flagrante na 5ª DP (Mem de Sá) por resistência, porte de arma, receptação e associação criminosa.

Estudante de direito ds UFRJ

A jovem era estudante de direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e estava no último ano da faculdade. Natural de São Gonçalo, ela ingressou no segundo semestre de 2014 na instituição, uma das mais tradicionais do país. Antes, tinha cursado um período de Letras: Português/Inglês. A Reitoria da UFRJ se solidarizou com a família e amigos de Lady Ane e pediu uma investigação “rigorosa, ágil e eficaz” após a morte da estudante de direito.

“A Reitoria da UFRJ se solidariza com a família e amigos da Lady Ane, neste momento de intensa tristeza. Além da pandemia de COVID-19, ainda somos forçados a conviver com a dura violência no estado do Rio de Janeiro, deixando a população desabrigada do direito constitucional da segurança. Esperamos, convictos, que as investigações policiais sejam rigorosas, ágeis e eficazes. Lamentamos profundamente esta perda e transmitimos força e esperança à família e amigos da Lady Ane”, diz parte da nota.

A Subsecretaria de Estado de Vitimados ofereceu atendimento social e psicológico à família de Lady Ane Paulino. A equipe psicossocial está em contato com parentes da vítima e vai acompanhar o enterro da jovem.

Outras vítimas

No início desta semana, uma bala perdida matou outra pessoa, também na região central do Rio. Caio Gomes Soares, de 23 anos, havia acabado de se levantar da cama quando foi atingido por um disparo no peito, na manhã da última segunda-feira. A casa em que ele morava fica numa rua em frente ao Morro da Coroa, no Catumbi, onde PMs e bandidos trocavam tiros.

Em agosto, Ana Cristina da Silva, de 25 anos, morreu após ser atingida por uma bala perdida ao tentar proteger o filho, de 3. O tiro foi disparado durante uma invasão de traficantes rivais ao Complexo de São Carlos, no Rio Comprido.

Veja a nota da UFRJ na íntegra:

A Reitoria da UFRJ teve ciência, com grande consternação, da morte da nossa aluna Lady Ane Paulino Targino, ocorrido na noite de quinta-feira, 22/10. A estudante foi atingida por uma bala na cabeça em meio a um tiroteio durante uma perseguição policial no bairro de Catumbi, Zona Norte carioca.

Natural de São Gonçalo, Lady Ane tinha 34 anos e estava bem próximo de concluir um dos cursos mais tradicionais do país — o de Direito da UFRJ, no qual ingressou no segundo semestre de 2014. Antes, tinha cursado um período de Letras: Português/Inglês.

A Reitoria da UFRJ se solidariza com a família e amigos da Lady Ane, neste momento de intensa tristeza. Além da pandemia de COVID-19, ainda somos forçados a conviver com a dura violência no estado do Rio de Janeiro, deixando a população desabrigada do direito constitucional da segurança. Esperamos, convictos, que as investigações policiais sejam rigorosas, ágeis e eficazes. Lamentamos profundamente esta perda e transmitimos força e esperança à família e amigos da Lady Ane“.



Fonte: Fonte: Jornal Extra