A subcoordenadora do Gaeco, Roberta Laplace, afirmou, após uma operação contra a milícia chefiada por Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, que o bando estava descontente com a expansão de rivais. O Ministério Público do Rio apura se partiu do miliciano a ordem para matar o ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, em 4 de agosto. Diálogos extraídos de quatro celulares de Rodrigo dos Santos, o Latrel, tido como o Zero Dois do grupo, indicam que eles queriam matar Jerônimo e Natalino José Guimarães por estarem ampliando seu território e retomando antigos domínios na Zona Oeste.
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— Não dá para afirmar categoricamente. O que descobrimos nessa operação, que foi analisada de um tempo, é que eles estavam enfurecidos com a expansão do Jerônimo e do Natalino. Eles estavam enfurecidos e reclamavam nas mensagens. Latrel chegou a dizer que “tinham que resolver esses velhos do car*** “— relatou a promotora durante entrevista nesta quinta-feira.
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Antes de assumir o controle da quadrilha, Zinho cuidava da contabilidade e da lavagem de dinheiro, enquanto o comando era exercido por seu irmão, Ecko. Já Tandera era homem de confiança de Ecko, com a missão de expandir o território da quadrilha para a Baixada Fluminense, região que hoje domina.
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De acordo com a promotora, o bando do Zinho “estava reclamando e chatearia com essa suposta expansão da velha guarda da milícia” em diversas regiões da Zona Oeste, atualmente, comandada por Zinho.
— Essa investigação faz parte da análise dos aparelhos apreendidos com o Latrel. Ele foi preso em março deste ano e a partir disso foi feita a análise e a extração dos diálogos. O núcleo de investigação sensíveis da PF fez uma análise e identificou esses 23 integrantes dessa milícia — destacou.
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A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público do Rio (MPRJ) deflagraram nesta manhã uma operação para prender Zinho. Dos 23 mandados de prisão temporária expedidos, oito foram cumpridos, e ao menos uma dessas pessoas foi levada para a sede da PF. Geovane da Silva Mota, o GG, apontado também como um dos chefes dessa milícia, foi preso em um hotel de luxo na cidade de Gramado, no Rio Grande do Sul. O juízo da 1ª Vara Especializada no Combate ao Crime Organizado da Capital ainda expediu 16 mandados de busca e apreensão, todos na região da Zona Oeste.
— Vamos analisar o material apreendido hoje para saber se o Zinho ordenou a morte do Jerônimo. O que sabemos é que eles estavam insatisfeitos e não descartamos que ele tenha sido morto a mando do Zinho. Mas isso precisa ser apurado — salientou Roberta Laplace.
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O MP destacou que, com a análise dos quatro aparelhos de celulares, foi possível notar que o grupo paramilitar “estava a todo vapor”.
— Notamos o pagamento de propina desde postos de gasolinas até os pequenos comerciantes. Além disso, existia o pagamento de propina para policiais militares, policiais penais e uma troca de mensagem infinita com PMs de batalhões da região da Zona Oeste.
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O Ministério Público do Rio identificou que os paramilitares fazem assinaturas de bancos de dados vendidos irregularmente e também têm acesso aos bancos de dados oficiais, acessados por agentes subornados por eles. O caso era tão grande que de dentro da cadeia os milicianos tiveram acesso às informações de um preso que sairia recentemente.
— Presos, de dentro da cadeia, mandavam zilhões de massagens. De dentro da cadeia eles mandavam matar desafetos, mandaram extorquir. Tem um diálogo muito chocante que eles pedem para levantar um traficante e eles têm acesso a ficha desse traficante que havia sido fichado na Seap — destacou a promotora.
Fonte: Fonte: Jornal Extra