‘Morreu nas mesmas circunstâncias contra as quais lutava’, diz promotora, após julgamento de homem que matou feminista a facadas


O Conselho de Sentença do 2º Tribunal do Júri da Capital condenou, nesta quinta-feira, o ex-estudante de História da Uerj Bruno Ferreira Correia, de 38 anos, a 25 anos e quatro meses de reclusão, em regime fechado, pelos crimes de feminicídio e homicídio triplamente qualificado – motivo torpe, emprego de meio cruel e mediante recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Em junho de 2019, ele matou a ex-namorada Luiza Nascimento Braga, de 25 anos, estudante de Ciências Sociais na Uerj, com diversas facadas no pescoço e no rosto.

O crime aconteceu no bairro do Anil, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. Foram os pais da jovem que acharam seu corpo, dia 22, já em decomposição, no apartamento onde ela havia morado com Bruno. Luiza estava desaparecida desde 19 de junho daquele ano, após ter passado a noite anterior na casa do ex-namorado.

A promotora de acusação Simone Sibílio ressaltou o ativismo político de Luiza, que era feminista:

— O autor daquela ação penal era a população do estado do Rio exatamente em razão da causa da Luiza. Ela era ativista, feminista, postava coisas contra relacionamento abusivo. Como ela não percebeu que estava sendo vítima disso? Ela morreu nas mesmas circunstâncias contra as quais ela lutava tanto. Espero que os pais dela agora sigam a vida e com sentimento de que a justiça foi feita.

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A sentença de condenação foi proferida às 21h35min, pelo presidente do júri, juiz Daniel Werneck Cotta, da 2ª Vara Criminal da Capital. O magistrado destacou as circunstâncias do crime como razões para o cumprimento da pena em regime fechado. Quatro homens e três mulheres atuaram como jurados.

“O delito teria sido praticado por meio de múltiplos golpes de faca, mediante meio cruel, por motivo fútil e emprego de recurso que dificultou a defesa da vítima. Nesse sentido, a constrição cautelar imposta justifica-se como forma de manutenção da ordem pública. Nesse quadro, se afiguram insuficientes as medidas cautelares alternativas à prisão, devendo ser mantida a prisão preventiva do acusado”, destacou Werneck.

O júri começou às 14h30min. Ao todo, foram ouvidas duas testemunhas de acusação – uma colega de Luiza do curso de Cinema que foi a última pessoa a vê-la com vida, e a mãe de Luiza – e uma de defesa, vizinha dos avós que criaram Bruno desde pequeno, em Nova Friburgo, Região Serrana do estado.

Luiza Braga foi morta em Jacarepaguá
Luiza Braga foi morta em Jacarepaguá Foto: Facebook / Reprodução

No interrogatório, por orientação da defesa, Bruno respondeu apenas às perguntas formuladas pelo defensor público e pelos jurados. Ao ser perguntado sobre seu estado civil, ele respondeu “viúvo”, causando indignação nos parentes e amigos da vítima que assistiam ao julgamento.

Ele contou que, no dia dos fatos, enquanto Luiza tomava banho, resolveu examinar o celular dela, tendo encontrado mensagens e fotos que indicavam uma traição. Quando ela saiu do banho, eles teriam começado uma briga, ocasião em que Luiza tentou tirar o celular das mãos de Bruno. A partir desse momento, ele afirma não se lembrar de mais nada.

Fuga após crime

Luiza desapareceu no dia 19 de junho de 2019, depois de ter passado a noite na casa de Bruno, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. Depois do desaparecimento, seu pai ainda recebeu uma mensagem da filha, mas desconfiou não ser dela. Sem informações, uma vez que nem Luiza nem Bruno atendiam as ligações do casal, no dia 22 de junho os pais da vítima decidiram ir até a residência onde Luiza havia morado com o acusado. No local, encontraram o corpo da jovem de 25 anos ocultado por um cobertor e com diversas facadas no pescoço e no rosto. Após o crime, Bruno fugiu para Nova Friburgo, onde foi preso 46 dias depois.



Fonte: Fonte: Jornal Extra