Missa de 7º Dia de grávida morta em tiroteio no Lins é celebrada por padre Omar no Cristo Redentor


Marcada por emoção, cerca de 60 parentes e amigos da designer de interiores Kathlen de Oliveira Romeu, a grávida de 24 anos morta no Complexo do Lins, na Zona Norte do Rio, na última terça-feira, participaram da missa de sétimo dia no Santuário do Cristo Redentor. O ato religioso foi comandado pelo padre Omar Raposo. Os pais da jovem — o personal trainer Luciano Gonçalves, de 43 anos, e a administradora Jackeline de Oliveira Lopes, de 40, assim como o namorado da jovem, o designer gráfico Marcelo da Silva Ramos, de 26, choraram o tempo todo. O rapaz segurava uma foto da moça.

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Com camisas estampadas com o rosto da jovem, as vestimentas vinham com as inscrições “#JustiçaPorKathlenRomeu” e “#KathlenRomeuPresente”. Amigos e parentes também seguravam balões brancos que foram soltos ao final da cerimônia. Em tributo, o Cristo Redentor foi iluminado de rosa. A aposentada Saionara Fátima Queiroz de Oliveira, avó materna da jovem e que estava com ela no momento do tiro, disse que a neta iria ficar muito feliz com todas as homenagens. A aposentada lembrou que Kathlen queria conhecer o Cristo Redentor com a família.

Os pais de Kethlen, que choraram ao longo da missa, agradeceram o suporte de amigos e apoiadores da causa
Os pais de Kethlen, que choraram ao longo da missa, agradeceram o suporte de amigos e apoiadores da causa Foto: Roberto Moreyra / Roberto Moreyra

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— Ela queria tanto isso em vida. Ela ainda quis fazer um passeio no Cristo, com toda a família — lembra emocionado Saionara, que completa: — Eu tenho certeza que ela ia gostar de estar aqui. Eu estou em um momento anormal. Estou tentando não pensar no que aconteceu. Cada dia que passa tem sido pior — lamentou.

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Os pais da designer, emocionados lembraram da filha. O pai de Kethlen agradeceu ao suporte de amigos e apoiadores da causa neste momento de dor:

— O que nos deixam de pé são todas as orações das pessoas que se compadeceram com a nossa causa. Obrigado a todos. Só estamos de pé por conta de vocês — disse o pai de Kathlen.

E a mãe completou:

— Quem diria que nossa Keke está no Redentor, que ela tanto sonhou. Só quero agradecer. Espiritualmente falando, sem a oração, não estaríamos de pé. A saudade é imensa. Parece que foi ontem, não sei como vai ser, porque só piora, mas eu só peço a Deus que ela esteja no paraíso. Eu só preciso de justiça. Eu levanto da cama e só quero isso — disse a administradora.

Padre Omar celebrou a missa nesta segunda-feira, no Cristo Redentor
Padre Omar celebrou a missa nesta segunda-feira, no Cristo Redentor Foto: Roberto Moreyra / Roberto Moreyra

Segundo padre Omar, a morte de Kathlen foi “uma lógica que se inverteu”. O religioso pediu que “a violência urbana seja revista”:

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— Essa é uma noite marcada por solidariedade e busca de resposta. Mas, de conforto junto ao nosso redentor. Que hoje, o nosso abraço seja a extensão do redentor. Essa mãe passa pela maior dor de perder um filho. A cada dia famílias perdem seus filhos. Mas, que gozemos de dias estáveis. Não podemos perder os nossos filhos dessa forma.

A madrinha de Kathlen, a esteticista Monique Messias, leu uma carta que dizia que “a vida precisa ser valorizada”. A secretária estadual de Vitimados, a tenente-coronel Pricilla Azeredo, acompanhou a missa. Ela disse ao EXTRA “que a pasta está acompanhando a família”.

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— Estamos oferecendo a assistência necessária. Inclusive, fizemos contato com o Ministério Público, e se for o caso e a família quiser, vamos acompanhar até a investigação virar inquérito — informou Azeredo.

No final, amigos da jovem abraçaram os pais e soltaram os balões brancos.

De onde partiu o tiro?

A Polícia Civil tenta identificar de onde partiu o tiro que atingiu a jovem. O que se sabe até agora é que ela foi alvejada por um único tiro de fuzil. No entanto, os investigadores querem saber se o disparo partiu da arma dos PMs ou dos bandidos. Até agora, 21 armas foram apreendidas para confronto de balística.

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Na última semana, cinco dos 12 PMs da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Lins prestaram depoimento na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). O grupo prestou esclarecimentos duas vezes para identificar possíveis contradições. Durante essa semana, os outros envolvidos na ação prestaram esclarecimentos.

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Na última sexta-feira, a PM afastou os agentes das ruas. Até o fim do inquérito eles farão trabalhos administrativos. No último sábado, o comandante da UPP Lins foi destituído da cadeira. A PM alega que é uma troca de rotina.

Deputada protocola ofício no Ministério Público

A deputada estadual Renata Souza protocolou, na última sexta-feira, uma representação no Ministério Público estadual na qual cobra a investigação do caso para a identificação e responsabilização dos envolvidos na morte da jovem grávida.

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A parlamentar protocolou o ofício ao procurador Procurador-Geral de Justiça, Luciano Oliveira Mattos de Souza, solicitando “a adoção de medidas cabíveis no sentido de garantir a realização de uma investigação transparente e diligente, a fim de apurar os fatos narrados que, em sendo comprovados, possam ensejar: a responsabilização das condutas individuais dos agentes envolvidos na operação; a responsabilização de toda a cadeia de comando dessa operação policial, incluindo o chefe do Poder Executivo, bem como eventual prática de improbidade administrativa e crime de desobediência”



Fonte: Fonte: Jornal Extra