Faturamentos milionários estão por trás de uma guerra que envolve dois grupos de milicianos rivais no Rio. Alvo de um ataque, nesta quinta-feira, feito por homens do grupo paramilitar chefiado por Danilo Dias Lima, o Danilo Tandera, a Zona Oeste é a região que traz mais lucro para a milícia. Estimativa da polícia revela que é exatamente nesta área que o grupo chefiado por Luis Antonio da Silva Braga, o Zinho, arrecada mensalmente entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões.
A maior parte desta dinheiro vem do transporte alternativo. Só com cobrança de taxas de motoristas de vans, a milícia arrecada mensalmente entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões, de acordo com investigações da policia. A decisão de invadir pontos de Campo Grande, Santa Cruz e Paciência, e de queimar vans, teria sido tomada depois que dois homens de Tandera foram mortos a tiros, nesta quarta-feira, em Nova Iguaçu. O crime aconteceu no Bairro do Marapicu, localizado às margens da Avenida Abílio Augusto Távora. Os incêndios dos carros do transporte alternativo seriam uma forma de pressionar os motoristas a pagarem taxas para o bando de Tandera. Atualmente, o dinheiro é recebido pelo bando de Zinho.
A guerra entre as duas quadrilhas de milicianos não foi deflagrada agora. Danilo controla os negócios da milícia em Nova Iguaçu, Itaguaí, Seropédica e em alguns pontos da Zona Oeste, em Santa Cruz. Ex-homem de confiança de Wellington da Silva Braga, o Ecko, irmão de Zinho, morto pela policia, em junho, Tandera expandiu sua área de domínio com apoio de armas e de homens cedidos por Ecko. Entre o fim de 2020 e o início de 2021, Wellington da Silva Braga teria tido um desentendimento com Tandera e os dois romperam. A polícia ainda não sabe a razão do rompimento . Um dos possíveis motivos seria a negativa de Tandera em devolver 38 fuzis que haviam sido emprestados pelo antigo comparsa.
A versão, no entanto, não chegou a ser confirmada oficialmente pela polícia. Outra hipótese seria a prisão de três homens ligados ao tráfico que apoiavam a milícia de Leonardo Luccas Pereira, o Leléo. Aliado de Tandera, Leléo controla os negócios dos paramilitares no Morros do Fubá, em Campinho, e nas Favelas Bateau Mouche e Chacrinha, na Praça Seca. O trio foi preso, dia 5 de janeiro, quando deixava o Morro da Rua Barão após evitar a invasão de traficantes de uma facção criminosa.
Levado para um presídio que concentra milicianos, eles teriam sido expulsos pelos paramilitares ligados a Ecko, o que teria causado descontentamento a Tandera.Dois dias depois, Ecko determinou uma invasão a Favela da Gardênia, em Jacarepaguá, que era controlado pelo grupo de Leléo. A entrada de paramilitares rivais foi filmada por câmeras de segurança. Na ocasião, eles ordenaram que os comerciantes do local passassem a fazer o pagamento de taxas para o grupo de Ecko.
No dia 12 junho, Wellington da Silva Braga morreu durante uma operação da polícia. Ele foi substituído no comando da quadrilha por Zinho, que é seu irmão e que anteriormente era o operador financeiro do grupo. Um dia depois, homens do bando de Tandera invadiram e ocuparam, por algumas horas, a comunidade Manguariba, em Paciência, que era controlada pelo rival. Nesta quinta-feira, o bando de Danilo fez novo ataque contra o grupo de Zinho. A polícia apura se o assassinato de dois homens, mortos com tiros de fuzil em Santa Cruz, nesta mesmo dia, está ligado a guerra de milicianos.
Fonte: Fonte: Jornal Extra