Milícia da Baixada cobra até pela cesta básica que moradores da região compram


Não bastasse cobrar pelas diversas taxas em Itaguaí e Seropédica, cidades da Região Metropolitana e Baixada Fluminense, respectivamente, a maior milícia do estado chefiada pelo Wellington da Silva Braga, o Ecko, agora interfere no que a população coloca na mesa. No começo da tarde desta quinta-feira, dia 22, investigadores da força-tarefa da Polícia Civil — criada pela pasta para combater o crime organizado na Baixada e permitir uma “eleição livre” na região — descobriram que moradores das duas regiões são obrigados a comprar cestas básicas do grupo paramilitar.

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Um depósito cheio de alimentos, muitos deles já vencidos, foi estourado na Estrada da Palhada, entre Nova Iguaçu e Seropédica. Segundo a Polícia Civil, os residententes nas áreas tinham que comprar os alimentos de um único fornecedor. As cestas básicas variavam entre R$ 110 e R$ 265. O proprietário do local, que não soube explicar a procedência do material, foi detido e será levado para a Cidade da Polícia, no Jacarezinho, para prestar esclarecimentos.

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No mesmo local, os agentes encontraram carnes que eram vendidas como “kit churrasco” para a população. Para atrair os moradores, os milicianos faziam a divulgação pela internet. Todo o dinheiro, de acordo com a Polícia Civil, era utilizado pela narcomilícia de Ecko para aumentar o seu poderio bélico e financeiro.

Cartaz com os valores das cestas básicas vendidas pela milícia na Baixada Fluminense
Cartaz com os valores das cestas básicas vendidas pela milícia na Baixada Fluminense Foto: Divulgação / Pcerj

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Asfixia na milícia

Policiais civis fazem na manhã desta quinta-feira, dia 22, mais uma operação para combater a maior milícia do Estado do Rio, que é chefiada por Wellington da Silva Braga, o Ecko. O grupo atua na Zona Oeste da capital e também na Baixada Fluminense. Investigadores estão nos municípios de Seropédica e Itaguaí. O principal matador da milícia de Itaguaí foi preso: Gil Jorge Santos de Aquino Júnior, conhecido como Da Cova.

A ação é mais uma fase da força-tarefa criada pela Polícia Civil para combater o crime organizado na Baixada e permitir uma eleição livre na região. Até o momento, dez pessoas já foram presas e levadas para sede da Polinter,na Cidade da Polícia, no Jacarezinho, na Zona Norte.

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Segundo as investigações, Da Cova é o braço direito de Danilo Dias Lima, o Tandera, que chefia a milícia que atua em Nova Iguaçu. O narcomiliciano, também conhecido como Cova Rasa, de acordo com a Polícia Civil, atua no bairro de Chaperó, em Itaguaí. Júnior teria executado pelo menos 12 pessoas. Para a Civil, Da Cova reportava a Ecko todas as ações que fazia.

— Essa prisão é muito importante porque ele é o líder da milícia de Chaperó e também o principal responsável pelas execuções. Ele matava desafetos e das pessoas que a milícia entende que tem que pagar com a vida por alguma razão. Essa é uma prisão importante feita pela Draco e pelo DGPE. Ele tem esse apelido por ser extremamente violento — diz o delegado Felipe Curi, titular do Departamento Geral de Polícia Especializada.

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Policiais civis cumprem mandados de busca e prisão contra a milícia na Baixada Fluminense
Policiais civis cumprem mandados de busca e prisão contra a milícia na Baixada Fluminense Foto: Fabiano Rocha / O Globo

Além de cumprir mandados de prisão, os agentes estão em residências irregulares vendidas pela milícia e em comércios irregulares, como farmácias, lojas de roupas, restaurantes, e também em estabelecimentos que estariam lavando dinheiro para o grupo de Ecko.

— A ação de hoje é continuação de uma série de ações contra a milícia. Hoje, as especializadas estão em Seropédica e Itaguaí para cumprir mandados de prisão e asfixiar o braço financeiro desse grupo paramilitar que atua naquela região. Estamos coibindo e desarticulando centrais de TV a cabo, locais que vendem gás, água e cestas básicas irregulares, comércios que lavam dinheiro e atuam de alguma forma no fluxo financeiro — diz Curi, que complementou:

— A DPMA está em areais e ocupações irregulares que os milicianos atuam. A DRCPIM está em comércios piratas. É uma série de ações hoje. Todas as especializadas estão agindo para interromper o braço financeiro da milícia.

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Fonte: Fonte: Jornal Extra