Jovem morto em tiroteio na Favela da Kelson’s jogava futebol em categoria de base e sonhava com carreira militar

O sonho de se tornar jogador de futebol de elite foi interrompido. Alex Souza Araújo dos Santos, de 19 anos, meio de campo do Galáticos Futebol Clube, o time de futebol da Favela da Kelson’s, morreu no último sábado, dia 4, em meio a um tiroteio na comunidade localizada na Penha, Zona Norte do Rio, em um confronto entre a Polícia Militar e bandidos.

— Devido às dificuldades para seguir a carreira de jogador de futebol, meu filho sonhou em ingressar na carreira militar como parquedista. Mas acabou sobrando. Ficou decepcionado. Infelizmente, o que aconteceu com ele ocorre a todo momento na comunidade. Há inúmeros casos de gente baleada à toa. Mas vou lutar para que isso não volte a acontecer — diz Robson Araújo dos Santos, de 41 anos, pai de Alex.

O jovem fez carreira nas categorias sub-17 de clubes como Macaé, Audax e Duque de Caxias. Quem o levou para o esporte foi André Werneck, que mantêm um projeto social para crianças e adolescentes na Kelson’s e o treinou em alguns desses clubes.

Foto: Arquivo pessoal

— Quando ele saia do beco e viu os PMs se assustou e voltou. Um dos soldados foi atrás e atirou. O Igor, amigo dele estava também com uma criança no colo. Colocou três pessoas em risco. Se achava que ele era um suspeito deveria ter dado um tiro para o alto, não fazer o que fez — lamenta o ex-treinador, sobre a operação policial.

A morte do jovem causou reações entre amigos e vizinhos, que atearam fogo na base da corporação na região. Pessoas da região reforçavam a tese de que Alex não tinha envolvimento com o tráfico. Ele cursava o 3º ano do Ensino médico e iria começar a trabalhar como auxiliar de pedreiro com um tio nos próximos dias.

Em nota, a PM diz que na ação foram apreendidas “drogas, rádio comunicador e um simulacro de pistola”. O indivíduo morto é quem estaria portando os itens citados. Os agentes tentaram socorrê-lo, mas segundo relatos, foram alvos de pedras e outros elementos por parte de moradores que assistiram ao episódio.

O rapaz morreu quando era levado por populares para o Hospital Getúlio Vargas. No tumulto que ocorreu quando os moradores atacaram a UPP, a PM tentou dispersar o grupo fazendo uso de bombas de gás lacrimogêno.

Foto: Reprodução

Fonte: Fonte: Jornal Extra