Jovem é preso no trabalho após ser confundido com filho de traficante


O assistente de logística Vinicius Matheus Barreto Teixeira, de 21 anos, foi preso na última segunda-feira, dentro da empresa onde trabalha há dois anos, em Macaé. Ele foi acusado de ser filho do traficante Messias Gomes Teixeira, vulgo Feio, de 42 anos, e responsável por recolher o lucro obtido com a venda de drogas do tráfico do Morro do Palácio, no Ingá, em Niterói, e levar armas e munições para o morro sempre que solicitado. A família, no entanto, nega as acusações.

O traficante Messias foi preso e denunciado por chefiar o tráfico no Morro do Urubu, em Pilares, e ser “arrendatário” do tráfico no Morro do Palácio. Segundo familiares e o advogado de Vinicius, a polícia errou ao identificá-lo como filho de um traficante. Na realidade, seu pai é o funcionário de transporte de equipamentos Messias Gomes Teixeira, de 46 anos, homônimo do criminoso.

A família conta que Vinicius nunca saiu de Macaé, onde mora e trabalha. Desde a madrugada de terça, seus pais tentam, sem sucesso, qualquer tipo de contato com o filho, que está no Presídio José Frederico Marques, em Benfica. O advogado da família entrou com um habeas corpus, mas o recurso ainda não foi julgado.

— Estamos sofrendo muito. Toda vez que a gente chega em casa, olha para o quarto e ele não está lá, o coração fica apertado. Meu filho sempre foi do trabalho, da família e da igreja. Nunca ficou tanto tempo fora. Ele está sofrendo e a gente também aqui fora. Estou agoniado, amargurado. É muito sofrimento para minha esposa e minha filha — contou Messias, pai de Vinicius.

Seu homônimo, o traficante Messias, vulgo Feio, está preso desde 2018. O pai de Vinícius garante que vai processar o Estado pela prisão do jovem:

— Por causa desse erro do Estado, não vejo meu filho desde segunda. Ninguém merece esse sofrimento. A gente luta tanto para zelar por um nome e, por causa do Estado, suja tudo.

Vinicius é músico na igreja evangélica que frequenta com a família
Vinicius é músico na igreja evangélica que frequenta com a família Foto: Reprodução

Segundo relatos de funcionários da empresa onde Vinicius trabalha, policiais da 16ª DP (Barra da Tijuca), efetuaram a prisão na frente dos colegas de trabalho.

— Eles entraram, perguntaram o nome do pai e levaram ele puxando pelas roupas. No caminho, ele pôde fazer uma ligação e fez para o pai. Messias pediu para falar com um policial, mas os policiais desligaram porque não acreditaram que era o Messias, já que o traficante Messias está preso — contou Wandson Vieira, pastor da igreja Comunidade Evangélica Shalom, onde Vinicius, os pais e a irmã frequentam.

Messias é diácono na igreja e líder do grupo de adolescentes. Vinícius é músico e toca guitarra, baixo e bateria durante os cultos.

O advogado Daniel Augusto Sampaio de Carvalho disse que Vinicius só teve conhecimento do processo quando foi preso, na segunda-feira:

— O processo de 2018 correu normalmente, mas Vinicius não foi citado. Anexei ao pedido de habbeas corpus uma certidão cartorária que comprova que os avós de Vinicius não têm os mesmos nomes que os pais do traficante Messias.

Em nota, a Polícia Civil informou que “foi cumprido o mandado de prisão expedido pela Justiça por um fato ocorrido em 2017, quando a corporação estava subordinada à então Secretaria de Segurança” e que o caso está com a Justiça. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro não disse que o porquê de Vinicius não ter sido citado no processo.



Fonte: Fonte: Jornal Extra