Jogador Marcinho, que atropelou e matou casal, dirigia com velocidade 40% acima da permitida, diz laudo


O laudo de exame de local de acidente de trânsito, produzido pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), concluiu que a “velocidade excessiva” do Mini Cooper dirigido pelo então jogador do Botafogo Márcio Almeida de Oliveira, o Marcinho, foi uma das causas do atropelamento que matou duas pessoas, no último dia 30 de dezembro. O atleta estava trafegando a 98km/h ao passar pela altura do 17.170 da Avenida Lúcio Costa e atingir o casal de professores Maria Cristina José Soares e Alexandre Silva de Lima. Alexandre morreu logo após o acidente. Já Maria Cristina ficou internada durante seis dias, mas também não resistiu aos ferimentos.

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De acordo com o documento, ao qual o EXTRA teve acesso com exclusividade, a equação tem uma margem de erro de 12 km/h, de modo que a velocidade poderia variar entre 86km/h e 110km/h. A velocidade máxima da via é de 70 km/h. Em depoimento prestado na 42ª DP (Recreio), Marcinho disse estar em baixa velocidade, cerca de 60km/h, e que tentou frear e desviar das vítimas.

O laudo do ICCE analisou o local do acidente
O laudo do ICCE analisou o local do acidente Foto: Reprodução

Ainda segundo o laudo do ICCE, as vítimas foram atropeladas ao passarem pela faixa da direita, na pista sentido Recreio dos Bandeirantes-Barra. Com o impacto da batida, os corpos foram projetados a uma distância de 60 metros. Assinam o documento os peritos criminais Bruno Cesar Santos de Castro, Leandro Ribeiro Pinto e Gabriel Estevão Silva Fares.

Para o delegado Alan Luxardo, titular da 42ª DP, o laudo corrobora as demais provas colhidas ao longo da investigação.

Também em depoimento, Marcinho disse não ter prestado socorro ao casal por medo de linchamento. Ele fugiu do local do acidente e abandonou o automóvel na Rua Professor Hermes Lima. Depois de ser periciado, o carro foi rebocado para a garagem do prédio onde mora o pai do lateral-direito. Uma das testemunhas ouvidas pela Polícia Civil afirmou que o jogador estava “costurando” no trânsito.

A perícia encontrou pertences das vítimas no local do acidente
A perícia encontrou pertences das vítimas no local do acidente Foto: Reprodução

Ferimentos graves

De acordo com laudo cadavérico feito no Instituto Médico-Legal do Rio, o professor Alexandre teve como causa da morte o traumatismo craniano. Ele sofreu ainda traumatismo do tórax e do abdômen, este último com hemorragia interna. O exame descreve ainda fratura nos cotovelos, no joelho direito e laceração de figado e baço. Já o exame cadavérico da professora Maria Cristina revela que a causa da morte foi traumatismo do tórax e de membros inferiores, este último com uma complicação causada por uma infecção. Ela também sofreu fraturas nas costas, do fêmur direito e esquerdo, em uma das tíbias e no tornozelo direito.

O casal de professores Maria Cristina e Alexandre
O casal de professores Maria Cristina e Alexandre Foto: Reprodução / Agência O Globo

Maria chegou a ser internada em um hospital particular, na Barra da Tijuca, mas morreu na última terça-feira. Ela e o professor Alexandre estavam juntos havia 12 anos. Em janeiro de 2019, o casal oficializou a união estável, em um cartório. Segundo o delegado Alan Luxardo, o inquérito que apura o caso deverá ser concluído na próxima semana. Ele adiantou que Marcinho foi indiciado por homicídio culposo (quando não há intenção de matar). Caso seja condenado pela Justiça, o atleta estará sujeito a uma pena que varia de dois a quatro anos de detenção por cada uma das mortes.

A defesa de Marcinho alegou, na última segunda-feira, que o casal atravessou a via fora da faixa de pedestres. Ainda segundo o advogado do atleta, o jogador não estava em alta velocidade nem havia ingerido bebida alcoólica antes do acidente. Sobre o fato de sair do local sem ter prestado socorro às vítimas, o advogado GabrielHabib disse, na ocasião, que Marcinho temeu ser linchado, já que algumas pessoas teriam se aglomerado em torno do carro. Na oportunidade, ele também classificou o acidente como inevitável.



Fonte: Fonte: Jornal Extra