Irmã de mulher morta em casa de acolhimento acredita que suspeito não teve paixão correspondida


O suspeito de matar a facadas Morgana Fagundes Vieira, de 41 anos, estaria apaixonado pela vítima, mas não teve o sentimento correspondido. Pelo menos essa é a hipótese levantada pela irmã de Morgana, Marjorie, em entrevista à Banda B. O crime aconteceu em uma casa de acolhimento, na manhã da última quinta-feira (24), no bairro Boqueirão, em Curitiba.

Na data do crime, a Banda B reportou o caso conforme a versão repassada à polícia, de que a mulher havia sido assassinada pelo namorado e que ele teria fugido. Contudo, a família afirma desconhecer qualquer relação entre a vítima e o autor além de paciente e cuidador.

De acordo com Marjorie, Morgana estava internada no local desde dezembro do ano passado por conta de uma depressão e sequelas deixadas por uma cirurgia na cabeça. “Foi lá que ela teve contato com o assassino. Ele começou a cuidar dela há uns seis meses”, afirmou Marjorie.

A familiar destaca ainda que a versão de que ambos teriam um relacionamento não faz sentido, já que ele exclusivamente ajudava sua irmã a se locomover e a cumprir outras tarefas. “Ele ajudava minha mãe quando precisava ir ao médico. Morgana usava cadeiras de rodas e minha mãe não conseguia sair sozinha com ela. Ele ia junto”, disse em entrevista à Banda B.

Foto: Arquivo Pessoal

Outra informação que Marjorie enfatiza ser inverídica é a qual afirma que o assassino seria um dos pacientes da casa de acolhimento.

“Todas as vezes que íamos visitar a Morgana, era ele quem abria os portões, nos recebia, nos levava até ela. Não tem como ele ser paciente porque ele era um dos responsáveis pela casa. Recebemos a informação de que ele tinha uma empresa no nome dele que prestava serviços à pacientes”, pontuou.

Para a parente da vítima, o crime de feminicídio não se encaixa neste caso.

Assistência

A irmã de Morgana também denuncia a negligência por parte da casa, uma vez que, segundo ela, só avisaram a família sobre o crime seis horas depois do ocorrido. “O crime aconteceu às 6h15 da manhã e só foram ligar para minha mãe ao meio dia, dizendo que ela tinha morrido. Só falaram isso”, disse revoltada.

Ainda, após a primeira ligação informando a morte, a casa de acolhimento teria ligado novamente cerca de 10 minutos depois. Desta vez, afirmaram que ela teria sido assassinada: “Falaram que tinham matado ela, mas não sabiam como, e que o IML [Instituto Médico Legal] já tinha levado o corpo”.

Foto: Banda B

Marjorie relatou que a casa “fez de tudo” para que a família não soubesse do acontecido para evitar a presença deles no local.

E questionou: “Como um paciente vai abrir portas, cuidar de pacientes, levar em médico? Não faz sentido falarem que era paciente”.

A reportagem da Banda B entrou em contato com pessoas apontadas como responsáveis pela casa de acolhimento, porém não obteve retorno. O espaço fica aberto para qualquer manifestação.

Relação

As informações levadas à polícia davam conta de que o autor do crime, que seria usuário de drogas, teria um relacionamento amoroso com Fagundes Vieira, o que corroboraria para um feminicídio.

No entanto, Marjorie levanta outra hipótese após relatos de seu marido: “Meu marido esteve lá dois dias antes do crime. Ele me falou que minha irmã havia lhe dito que o cuidador não a trocou [fraldas] porque ele estava com ciúmes. O que passa pela nossa cabeça é que ele estaria apaixonado e ela não correspondeu”, concluiu.

Crime

A Polícia Civil foi acionada após Morgana Fagundes Vieira ser morta com golpes de faca e o autor fugir. O Corpo de Bombeiros esteve na casa de acolhimento, mas não teve o que fazer.

De acordo com a polícia, pelo menos nove lesões foram encontradas no corpo da vítima. Testemunhas relatam que o crime aconteceu no quarto dela. “Ele tem antecedentes por violência doméstica”, disse o delegado Tito Barichello, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em entrevista à Banda B no dia do crime.



Fonte: Banda B