Há 19 anos, região da Tijuca onde homem foi morto nesta sexta-feira viveu outra tragédia


Há exatos 19 anos, a região da Tijuca era palco de uma tragédia. Naquele 25 de março de 2003, a jovem Gabriela Prado Maia Ribeiro, na época com 14 anos, foi baleada durante uma troca de tiros entre policiais e bandidos e morreu nas escadarias do metrô São Francisco Xavier. Nesta sexta-feira (25), a poucos metros de onde Gabriela morreu, outro crime chocou os moradores do bairro: o farmacêutico Carlos Alexandre Resende, de 40 anos, foi atingido por um tiro na cabeça durante um assalto na Praça Carlos Paolera e morreu na hora. Ele estava dentro do carro esperando a esposa quando foi assaltado.

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Carlos Alexandre estava num Jeep Renegade. O carro foi levado pelos bandidos. A viúva Alessandra Moraes Luz, que vinha de São Paulo para encontrá-lo, descobriu, no local, que o marido tinha sido vítima de latrocínio (roubo seguido de morte). Era na praça o ponto de encontro dos dois. Ao telefone e pouco antes de saber da morte, ela tentava, nervosa, contato com ele mas não conseguia e chorava.

Em determinado momento, o saco plástico que cobria o corpo do farmacêutico levantou com o vento, expondo o par de tênis que a vítima usava. Ela reconheceu os calçados e ficou aos prantos.

— É meu marido! É meu marido! — gritou, ao reconhecer o corpo.

Alessandra tentava falar com o marido, Carlos Alexandre, que foi morto com um tiro na cabeça na Praça Carlos Paolera, na Tijuca
Alessandra tentava falar com o marido, Carlos Alexandre, que foi morto com um tiro na cabeça na Praça Carlos Paolera, na Tijuca Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

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Já em 2003, Gabriela ia pela primeira vez pegar o metrô sozinha, para saltar uma estação depois, na Saens Peña, quando ficou no meio do fogo cruzado entre um policial e bandidos que assaltavam uma bilheteria. Depois de atingida, ela tentou fugir: subiu a escada e caiu na calçada, já do lado de fora. A menina virou nome de rua e praça.

Na tentativa de aprender a conviver com a dor e ajudar parentes de outras vítimas da violência, Carlos Santiago Maia, pai da adolescente, e a ex-mulher, Cleyde Prado Maia (morta em 2008 vítima de um AVC), criaram o Movimento Gabriela Sou da Paz (gabrielasoudapaz.org). Na época em que o crime completou 15 anos, Carlos criticou a falta de políticas de segurança efetivas e a banalização da criminalidade:

— O caso da Gabriela teve exposição muito grande e, na época, foi uma aberração. Hoje, infelizmente, mortes como a dela se tornaram parte do cotidiano. As crianças morrem dentro da barriga da mãe! A coisa piorou muito — disse o homem, em uma entrevista de 2018.

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Gabriela, na foto que virou símbolo da ONG
Gabriela, na foto que virou símbolo da ONG “Sou da Paz” Foto: Luís Alvarenga / Extra

Cleyde e Santiago, na missão em memória dos cinco anos da morte de Gabriela
Cleyde e Santiago, na missão em memória dos cinco anos da morte de Gabriela Foto: Ricardo Leoni / O Globo

Tijuca teve engenheiro morto a facadas este mês

Há cerca de duas semanas, o engenheiro de produção Gabriel da Silva Leite, de 34 anos, foi morto com golpes de faca na madrugada do último dia 11, também na Tijuca. De acordo com a Polícia Civil, o suspeito não conhecia o engenheiro e o atacou porque foi a primeira pessoa que encontrou na rua, logo após ter descido o Morro do Salgueiro, na madrugada do crime. O assassinato foi flagrado por imagens de uma câmera de segurança da Rua Conde de Bonfim.

Na última terça-feira (22), a justiça decidiu que William Ferraz do Carmo seguirá preso após decisão do Tribunal de Justiça do Rio. Nesta terça-feira, após a audiência de custódia, a magistrada Daniele Lima Pires Barbosa manteve a prisão temporária de 30 dias. A juíza não entrou no mérito da prisão, mas considerou que ela foi legal. Caso a Polícia Civil ou o Ministério Público peçam a prorogação da prisão pelo mesmo prazo ou a mudança para a prisão preventiva, ela será analisada pelo juiz. William foi transferido para o sistema penitenciário.

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Fonte: Fonte: Jornal Extra