Fragmento de bala encontrado em menina morta em Caxias será confrontado com armas de policiais


Um fragmento de projétil encontrado após necropsia no corpo de uma das meninas mortas em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, será utilizado para confronto balístico com as armas apreendidas dos policiais militares que estavam na região. O exame tem a finalidade de responder se a bala pode ter saído daquele armamento.

As primas Emily Victória Silva dos Santos, 4, e Rebeca Beatriz Rodrigues dos Santos, 7, brincavam na porta de casa na noite da última sexta-feira (4) quando foram atingidas por tiros e morreram. Emily foi baleada na cabeça e Rebeca, no tórax.

Segundo a família, policiais militares atiraram contra dois homens que estavam em uma moto. Moradores ouvidos pela reportagem afirmaram que não havia troca de tiros no momento da morte das meninas.

Em nota, a corporação disse que uma equipe fazia patrulhamento na área quando foram ouvidos disparos de armas de fogo, mas que “não houve disparos por parte dos policiais militares”.

O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, da Polícia Civil. Os cinco PMs que estavam na região foram ouvidos e tiveram cinco fuzis e cinco pistolas apreendidos. A Polícia Militar também informou que um procedimento de apuração será instaurado.

Foto: Reprodução/Twitter

Na segunda-feira (7), o governador em exercício Cláudio Castro (PSC) reuniu-se com familiares das vítimas e prometeu “transparência total” de todos os exames balísticos.

“Vamos fazer com transparência total para saber de que arma que foi, quem estava apontando. Se foi da parte da polícia, será descoberto; se não foi, a gente vai caçar quem foi”, disse à família.

Na terça-feira (8), reportagem do jornal O Globo mostrou que o consumo de munição do 15º BPM (Duque de Caxias), onde são lotados os policiais investigados pelas mortes, disparou nos últimos meses.

A reportagem afirma que em novembro a unidade descartou 6.238 cartuchos de fuzil usados por agentes em serviço, segundo mapas de munição do batalhão. De acordo com a publicação, a quantidade é 75% maior do que a eliminada em setembro e mais de três vezes maior do que a eliminada em julho.

Em resposta, a até então porta-voz da Polícia Militar, tenente-coronel Gabryela Dantas, publicou um vídeo nas redes sociais da corporação atacando o repórter Rafael Soares, o que gerou uma série de outras agressões na internet contra ele.

Na gravação, a tenente-coronel diz que o jornalista agiu “de forma maldosa”, que a matéria é mentirosa, uma ilação “covarde e inescrupulosa”.

“A quem interessa essa desconstrução de estado soberano, promovendo dúvidas e inversão de valores?”, questiona.

Após reação negativa e notas de repúdio de associações de imprensa, a Polícia Militar apagou o vídeo e escreveu que, ao personalizar o descontentamento em um repórter, a corporação “ultrapassou um limite que feriu o equilíbrio de sua atuação”.

Nas redes sociais, o governador em exercício, Cláudio Castro, afirmou que defende o diálogo com a imprensa. Disse, ainda, que “é preciso preservar e respeitar ambos os lados”.

Ele determinou nesta quarta-feira (9) a exoneração da tenente-coronel, que deixou o posto de porta-voz da corporação. À noite, no entanto, ela foi nomeada comandante do do 23º BPM (Leblon).



Fonte: Banda B