Familiares de Emilly e Rebeca fazem protesto em Caxias e pedem justiça


Na tarde deste sábado (6), familiares das duas meninas que foram mortas baleadas enquanto brincavam na porta de casa, na comunidade Barro Vermelho, no bairro Jardim Gramacho em Duque de Caxias, fizeram um protesto contra a truculência da Polícia Militar.

Os pais de Emilly e Rebeca desceram de um ônibus na Praça do Pacificador às 15 horas, acompanhados de vizinhos e amigos empunhando cartazes, gritando “justiça” e “vidas negras importam“. Crianças ostentavam bonecas com marcas vermelhas na cabeça e no peito, como forma de simbolizar os locais onde as meninas foram atingidas pelo tiro. Também participaram do protesto pacífico lideranças negras e de outras comunidades, como Maré e Cidade de Deus.

Cartazes e bonecas
Cartazes e bonecas “ensanguentadas” foram levados para a manifestação Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo

— O que a gente quer é conscientizar a sociedade e buscar uma unidade. Não temos que esperar acontecer com as nossas famílias! A polícia do jeito que está não pode mais existir. Queremos que os homicídios de jovens negros acabem e, para isso, é preciso rever toda a política de segurança do país. Precisamos de todos os órgãos competentes, a Defensoria Pública, o Ministério Público, o Legislativo e o Executivo, nessa luta conosco — declarou a integrante do Movimento Negro Unificado, Silvia de Mendonça.

Protesto durou mais de duas horas
Protesto durou mais de duas horas Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo

A avó de Rebeca, Lídia da Silva Moreira Santos, de 51 anos, reclamou da falta de suporte das autoridades públicas diante da tragédia.

Não apareceu ninguém lá! Nem prefeito, nem governador, nem político nenhum! Para eles, a gente só existe para dar voto. Não é porque moramos em comunidade que somos bandidos. O policial vai me pedir perdão por ter atirado na minha neta e na minha sobrinha? Nao vai! Ele não esta nem aí — desabafou Lídia: — Eu quero que ele seja preso e pague pelo que fez.

Alexsandro dos Santos, de 40 anos, pai de Emilly, também espera reparação através da justiça:

— Que esse policial possa pagar diante da justiça dos homens e diante da justiça de Deus. Não desejo que ele passe pela dor que eu estou passando nesse momento. Não aceitaria o seu pedido de perdão… isso não vai trazer a minha caçulinha de volta, mas não quero mal para a sua família.

Com máscara vermelha e preta, Alexsandro, pai de Emilly; e de boné azul, Maycon Douglas, pai de Rebeca
Com máscara vermelha e preta, Alexsandro, pai de Emilly; e de boné azul, Maycon Douglas, pai de Rebeca Foto: Agência O Globo

Participantes do movimento contaram que a rua onde a polícia alegou ter uma operação, Lauro de Sodré, fica a três quadras de distância e reclamaram: “Querem nos matar. Quando não é de fome, é de tiro. Quando não é de tiro, é de falta de água!”

Pelo Twitter, o governador do Rio de Janeiro em exercício, Cláudio Castro, disse que as armas dos agentes que estavam na região foram apreendidas para perícia e que todos os policiais prestaram depoimento. Segundo ele, o caso segue sendo rigorosamente apurado pela corporação.

“A dor das famílias que perderam seus entes queridos é irreparável. Duas crianças na porta de casa e um policial exercendo sua missão. Desde as primeiras horas, a Polícia Civil realiza as investigações, e nós daremos uma resposta à sociedade. Minha solidariedade e orações”, publicou Castro em sua rede social.

A Polícia Militar foi procurada, mas ainda não respondeu à reportagem.



Fonte: Fonte: Jornal Extra